terça-feira, 2 de julho de 2019

25 ANOS DO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA II GUERRA




No último dia 08 de maio (Dia da Vitória), o Centro de Documentação da II Guerra Mundial – Cap. Enf. da FEB. Altamira Pereira Valadares, completou 25 anos de funcionamento em anexo construído com recursos da própria Altamira, no Tiro de Guerra 02-047 de Batatais.

Mas esta história começa há 80 anos, quando em 1939, a Polônia foi invadida pelo exército nazista alemão desejoso de retomar suas fronteiras perdidas na I Guerra (1914/1917), sob o comando por Adolf Hitler e com o apoio do governo fascista da Itália e da antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

A anexação da Polônia ao estado alemão fez com que a Inglaterra declarasse guerra à Alemanha em 3 de setembro de 1939, dando início a uma guerra, inicialmente europeia, mas que pouco a pouco se estendeu pela Ásia, África e até a América, perdurando até o ano de 1945.

Para entender o que Batatais tem a ver com estes fatos, vale a pena visitar o Centro de Documentação e a nova exposição “Tijolo por Tijolo: trechos da história mundial” que apresenta os bastidores do esforço da capitão Altamira para deixar em nossa cidade registros importantes sobre a II Guerra Mundial e a participação do Brasil, principalmente em relação às enfermeiras brasileiras e aos expedicionários batataenses.





Altamira nasceu em Batatais no dia 15 de julho de 1910 e aqui residiu por toda sua infância e adolescência até que, em finais da década de 20, um médico da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro que gozava de licença prêmio em Batatais, Dr. Hamlet de Cavalcanti Mello, sabendo de sua vontade em trabalhar na área da saúde, a indicou o curso de enfermagem na Escola Anna Nery, no Rio de Janeiro.

A Escola Anna Nery era uma escola padrão em que parte do custo da formação era paga pelo Governo Federal e a outra parte com os serviços de enfermagem. Os requisitos para entrar no curso eram ter 10 anos de estudos e 20 anos de idade completos. E foi com esta idade que em 1930 Altamira partiu para a então capital do Brasil, Rio de Janeiro, cursando enfermagem de 1931 a 1933.

No mesmo ano em que tem início a II Guerra, Altamira fica viúva de seu esposo Hélio Bastos Valadares, permanecendo na capital e seguindo sua carreira como substituta da chefia em todas as especialidades do Hospital São Francisco, docente da Escola Anna Nery e posteriormente integrando o quadro especial da Saúde Pública Federal.

O presidente do Brasil, Getúlio Vargas, procurou manter o país em posição de neutralidade frente à II Guerra, mas em 1941 passou a fazer acordos internacionais para apoiar os Aliados e em troca conseguir financiamento norte-americano para a construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda, obra de grande importância para a industrialização do país. Em 1942, o Brasil rompe relações diplomáticas e comerciais com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e em represália a essa medida, os alemães afundam nove navios brasileiros, matando cerca de 600 pessoas.

Mediante pressão popular, o presidente do Brasil declara guerra no dia 22 de agosto de 1942 e passa a organizar uma Força Expedicionária Brasileira (FEB) em 1943 para combater em solo italiano sob o comando norte americano.



Quando o Exercito chamou as enfermeiras voluntárias para integrar o corpo das enfermeiras da FEB, Altamira percebeu que era chegado o momento de realizar seu ideal e escreveu:

Sinto em mim chegando o momento de agir, dando larga expansão ao que vinha pressentindo em longa latência, desde os meus primeiros anos de vida. Prova é que abracei de há muito a profissão de enfermagem, uma vez que não me fora possível a de medicina, para como irmã caminhar ao seu lado paralelamente.

Sei que serei útil ao meu país e a todos que sofrem nesta hedionda fase de iniquidade. Também sei que não morrerei e ainda viverei muitos anos na terra, antes de chegar a hora bendita de algar as paragens siderais de Deus!



E assim foi. Vivendo até seus 94 anos, Altamira dedicou grande parte de sua vida a contar esta e outras histórias da guerra através de fotos, reportagens, livros, condecorações, objetos, uniformes e outros registros, os quais buscou junto às enfermeiras, expedicionários e embaixadas de vários países. Também deixou escrito um diário que está sendo digitalizado pelo CEDAPH (Centro de Documentação e Apoio à  Pesquisa Histórica) da Unesp e estudado por um grupo de 15 pesquisadores das mais diferentes áreas de atuação das cidades de Franca, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Porto Velho, Brasília e Batatais, com o intuito de lançar um livro até o final deste ano




Todo este acervo está à disposição do público para visitas e pesquisas mediante agendamento pelo telefone 3761 2642.

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