23 DE MAIO DE 1945

 

 Pina Bracci (de preto) e seu filho Mario Bastia colocando flores oferecidas pela enfermeira Maria do Carmo Correa e Castro, que está ao lado, no Campo Santo de Bologna

Fonte: CEDOC APV

2º DIÁRIO

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23-5-45- 4ª feira: 38th – Parola – Bologna: Levantei-me cêdo já pronta pª partir qdo fui ao café _ Depois foi 1 dificuldade, uma treta e um corre, corre pª harmonisar tudo pª poder vir a Bologna _ pois Mjor Ary havia já desligado todas as colegas do serviço e, eu e Bertha só ficamos pª o serviço S. O. Afinal tomei a ambulancia as 8hs, e tanto – cheia de feridos cheirando mal e chegamos a Bologna ás 10hs,45. Desci na entrada da cidade c/ o embornal e mandei 1 bilhete pª Elza _ Disposta a passar o resto do dia e a noite em casa Pina ~Tomei 2 trans e ainda andei um pouco – Toquei a campainha _ Veio Snr Luiz (fratelo de Bruno), Pina e sorela haviam ido ao cemitério pª cerimonia do fuzilados _ senti ter chegado tarde – Ás 12hs,00 chegavam tristes e todos de luto – Procurei consola-los _ Vi retratos e artigos de Mario (1 grde dôr – belo e nobre rapaz – teve 1 fim tão barbaro _ supliaram-no primo e lógo o fuzilaram – Conheci tbem sua esposa – veio a nona _ Almoçamos todos juntos – Depois conversamos até 15hs,00 e Pina saiu comigo _ Passamos pela oficina deles _ tudo destruído: maquina, por maquina! Na cidade pouco vi: visitei a chieza – comprei postaes 90lrs guia 35 liras e óculos interessantes pª o 1900 liras

 

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mano Berto usar qdo guiar seu carro na fazenda. Tomamos 1 refrescos _ Estive vendo na praça – Neptuno onde fuzilaram os antifascistas: corôas e retratos de todos inclusive 1 moça (todos jovens e belos) um horror! Chovia um pouco _ viémos à pé pela via S. Vitale porq. Pina queria comprar legumes _ Chegamos em casa ás 18hs. Sua sorela Fernanda fazia um belo jantar: saborei pela 1ª vez o tal de “Carciofi” e gostei. Fiquei conhecendo a sorela de Bruno, nella Braci, a única enfermeira italiana q. lavora c/ os americanos 74 General Hospitaes em S. Boscoli. É forte, simpática, cabelos grisalhos e competente. Snr Luiz me regalou 1 bela maquina elétrica pª fazer café – Jantamos bem e conversamos até tarde – Dormimos as 3 num qto e os dois fratelos noutro. Sentia a sensação de estar em casa com minha querida mana.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 

O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de 28/08/1944 [com excertos desde o dia 04/08/1944] a 28/04/1945 e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. 

Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou outro diário que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse diário datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o datilografado transcrito até metade do dia 18 de dezembro de 1944,  há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.

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