2º DIÁRIO
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30-6-45-Sabado
– Napoli – Francolise: Desci cedo para o
breakfast _ depois remexi anciosa ás 2 malas e
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os 2 sacos e verifiquei com tristeza q. haviam roubado e
remexido tudo – senti falta principalte do meu vaso japonez
q. custei tanto a consegui-lo, e nem sei mais o que. Ando cada vês mais enojada
dessa gente – preciso muito voltar pª casa. Antes do almoço vi o capitão Leão e
ele me disse que o Capt. Mangia Reis, Rozario, Chaves estavam ahi e
possivelmente com o restante da minha bagagem. Desci para o almoço: lógo eles
chegaram e fiquei triste porque nada trouxeram e ainda por cima me disseram que
ia partir amanhã (domingo). Fiquei lógo desesperada tendo tanto que ver em tão pouco tempo – Resolvi ir já a Francolise _
tomei 1 jip de 1 capitão e fui com ele até ao deposito – Lá custei a encontrar
o Cpt. Leão: em poucos minutos ele mandou 1 dog.caminhão seguir pª F e eu
passei no hotel pª mudar 1 uniforme e colocar 1 turbante na cabeça. Levamos 1
hora de estrada = 60 kilometros – a todo o instante o policia militar
brasileiro fazia parar e não queria deixar passar – faltava 1 ordem de licença:
a custo vencemos este obstáculo Assim q. chegamos fomos à 4ª secção e o Cel
Serra Campos forneceu nova licença – enqto o chaufer fora á Intendencia
(3 Kitos distantes) receber o suprimento de cozinha, eu falei
com o Cel Peixoto, Braga sobre meus papeis – Estive no rancho
dos oficiaes: tomei café agua geladas, batata cosida c/ sal – veio o
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Artelino c/ o saco de roupas q. estava c/ ele _ Arranjei
1 pouco de café e assucar pª a viagem _ Reuni toda a bagagem: cama rolo,
colchão (falta cama de tripé) (na tenda do C. Reis) e esperei o caminhão q.
nunca mais voltava – Ja era tarde – precisa alcançar o B. Brasil ainda aberto ,
falar c/ o cel J.M. na P.B.S _ então deixei recado e partir num outro caminhão
cheio de pessoal e bagagem e por sinal esteve 1 tempo enorme parado próximo a
11º R.I. (estava impaciente) qdo num 1 jip vinha o tal capt. q. me levou
no Deposito – Passei me para lá c/ tudo e chegamos em Napoli às 17,50 cobertos
de pó – fomos pª 1 restorant na cidade mas lógo vi o Cel do
B. brasil e nem cheguei a sentar _ disse-me vá lógo q. vão fechar – comi só pelas
ruas, sem saber aonde e perguntando até q. vi 1 bandeira brasileira num edifício:
subi – era lá e ainda trabalhavam: como sempre muito gentis me atenderam
contando tudo no expediente de amanhã dia 1/7/45 _ Deram-me 2.500 em 20 dolares
e 100 cruzeiros para toda a viagem e o restante 9.000 liras tive q. depositar
pª receber no Brasil. De lá mesmo telefonei pª o Cel J.
Moraes no Parque Hotel, mas ele estava no banho – mais tranquila desci á pé o
longo caminho e cheguei no hotel ás 19hs,10 – perdi o jantar –
estava imunda _ o banho quase gelado (justate_ nestes dias meus) e o
Carlo poliu porcamente meus scarpes _ tanto pedi ao sargento americano da
cosinha até q. ele
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resolveu a me dar 1 ligeira refeição – já eram 80hs,00
qdo subi – o meu quarto repleto e em desordem – Fui ao hotel visinho e resolvi 1
caso por 3.360 liras Na volta falei c/ o Tte Cavalcanti e
fiquei sabendo q. não vou partir amanhã (por 1 lado dei 1 suspiro profundo de
alivio pois tudo q. é meu pª encaixotar e parte devolver a Intendencia _
resolvi então assistir ao film no salão e acabei dando gostosas gargalhadas – foi
bom – depois procurei o Cpt. Leão e a colega Osmarina q. parte amanhã pª
conversar 1 pouco mas ele está de serviço até 1 h da manhã e ela já dormia – vi
na portaria pelo rabo dos olhos q. a Bertha chegava _ Subi e conversei c/ G.
ligeiramente. Agóra já são 24hs,10 _ escrevi todo o movimento do dia
– estão 1 calor insuportável e estou perdendo muito sangue. Vou tentar dormir.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de 28/08/1944 [com excertos desde o dia 04/08/1944] a 28/04/1945 e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945.
Além dos dois volumes manuscritos, Altamira datilografou outro diário que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse diário datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o datilografado transcrito até metade do dia 18 de dezembro de 1944, há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.
Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.
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