sexta-feira, 31 de julho de 2020

TORPEDEAMENTOS NAVIOS BRASILEIROS!

Texto Datilografado elaborado pela própria Altamira visando 
publicá-lo como livro, em três partes:

I-ANTES DA GUERRA
II-DURANTE A GUERRA (a partir de seu diário manuscrito)
III-APÓS GUERRA

(PARTE I)
18-8-1942:-Hora da “Ave-Maria”- Hoje, o Rio de Janeiro vibra, desde às primeiras horas do dia, em explosões de revolta e patriotismo, diante dos vários navios brasileiros, tais como: Vapor BAEPENDÍ, ITAGIBA, ARARA, posto a pique, desde 15 de agosto até ontem à tarde, em pleno litoral do BRASIL, onde pereceram indefesos: 972 pessoas entre homens-mulheres-crianças e foram salvos 1.521 tripulantes.
    Também todos os estados, se manifestam igualmente, levando um protesto idêntico à S.Exia.Dr. GETÚLIO DORNELLES VARGAS, D.D. Chefe da NAÇÃO.
    Em sinal de pesar, o Comércio fechou suas portas às 16 horas, atendendo ao apelo da “Radio Tupy”, que vem irradiando ininterruptamente o noticiário de guerra, para todo o País.
    A população em massa aflui às ruas, indo até ao Palácio do Catete e invadindo o jardim do Palácio Guanabara, em delirante comício, numa só exaltação de sentimento, pelos nossos brasileiros, tão covardemente sacrificados à sanha mórbida do “EIXO” (Alemanha-Itália-Japão), exigindo do Governo, uma justa desforra!
    Isto, não nos amedronta, ao contrário, nos dará maior motivo para uma derrota imediata e completa.
    Agora, infelizmente, chegou a nossa vez de lutar, o que faremos com sincero ardor e patriotismo. Morre o corpo, mas a alma é imortal. Venceremos, e a nossa Pátria, em breve, voltará a gozar a paz desta terra, deste mar, deste céu azul sem par!
    Sinto em mim chegado o momento de agir, dando larga expansão ao que vinha pressentindo em longa latência, desde os meus primeiros anos de vida. Prova é que abracei de há muito a profissão de enfermeira. Uma vez que não me fora possível a de Medicina, para, como irmã caminhar ao seu lado paralelamente. Sei que serei útil ao meu País, e a todos que sofrem nesta hedionda fase de iniquidade. Também sei que não morrerei e ainda viverei muitos anos na terra, antes de chegar a hora bendita de alçar as paragens siderais de DEUS!

Nota:- Acrescentar em baixo, em letras menores o seguinte comentário:
    Só por navios que o Povo teve conhecimento, foi suficiente para tamanha reação dos brasileiros. Imaginem se soubesses que antes, desde 14 fev-42, até 28-Jul – já haviam sido eliminados os primeiros: CABEDELO – BUARQUE – OLINDA- ARARUTÃ – CAIRU – PARNAIBA – CMT LIRA – GONÇALVES DIAS – ALEGRETE – PEDRINHAS – TAMANDARÉ – PIAVE e BARBACENA, e depois, de 19-Ago-42, até 31-Out.-43, os seguintes: JACIRA-OSÓRIO-LAGES-ANTÔNIO-PORTO ALEGRE-APALÓIDE-BRASILÓIDE-AFONSO PENA-TUTÓIA-PELOTASLÓIDE-BAGÉ-IATAPAGÉ, num total de 31 navios, onde pereceram indefesos, homens-mulheres e crianças, 972 pessoas, cujos nomes só o GOVERNO TEM CONHECIMENTO, em registro secreto, até a data presente (1970). Naturalmente que os familiares ficaram sabendo, porém nós não.



    Por esta razão inegável, surgiu a ideia dos supremos dirigentes, em organizar um Contingente afim de participar diretamente neste CONFLITO MUNDIAL.

    Depois, no final, darei ainda os nomes das Belonaves da Marinha de Guerra, afundadas durante sua ação de patrulhamento e proteção aos ESCALÕES, nas suas viagens de ida e volta, em plena ação inimiga.
*Continuando o ritmo dos acontecimentos de Agosto de 1942, após calorosa manifestação pública, dirigi um telegrama ao nosso Presidente da República, nestes termos:-
                 Não podendo sofrear sincero impulso, tomo a liberdade formular vosso pronto restabelecimento, neste momento de precisas decisões. DEUS vos guiará, porque o BRASIL, como sempre confia em vós serenamente. Ao vosso inteiro dispor, pela PÁTRIA-HUMANIDADE.

JOÃO BATISTA MEDEIROS GUIMARÃES ROXO
Capitão de fragata salvo no torpedeamento
 do seu navio em 19 de julho de 1944
(Acervo Centro de Documentação APV)

GASTÃO MONTEIRO MOUTINHO
Capitão da Corveta "Camaquan" 
falecido no dia 12 de julho de 1944
(Acervo Centro de Documentação APV)


GARCIA D´AVILA PIRES DE CARVALHO ALBUQUERQUE
Capitão de Fragata desaparecido na explosão do Cruzador "BAHIA" 
em 4 de julho de 1945.
(Acervo Centro de Documentação APV)


INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 
O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de [28/08/1944 com excertos desde o dia 04/08/1944 a 28/04/1945] e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou o que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse livro datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o livro datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.

Copyright©1994-2020 Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref, da FEB Altamira Pereira Valadares. Todos os direitos reservados. Todos os textos e imagens são protegidos por direitos autorais e outros direitos de propriedade intelectual pertencentes ao Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref da FEB Altamira Pereira Valadares. 

É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem a prévia autorização do Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref da FEB Altamira Pereira Valadares.

FEB - ANAS - FEBIANAS


TÍTULO DO LIVRO
FEB – ANAS
FEBIANAS

         ORIGEM DESTE NOME: - Achei-o apropriado, contendo a sigla “F.E.B.” Força Expedicionária Brasileira, completado com o nome de: “ANA” Nery, símbolo da mulher brasileira, na guerra, como enfermeira, motivo pela a qual a nossa Escola Padrão de enfermagem se denomina, e nós, após guerra, a homenageamos.
Altamira Pereira Valadares

Folha original do texto datilografado
organizado por Altamira


Estamos em 1970. Fazem precisamente 25 anos que terminou a SEGUNDA GRANDE GUERRA MUNDIAL, tendo-se comemorado solenemente o JUBILEU DE PRATA-VITÓRIA DOS ALIADOS – 8 MAIO, tendo feito uma Exposição sobre a “FEB” na 5ª C.S. Militar- Ribeirão Preto – 2ª R.M.
    E, eu continuo lutando com pertinaz e oculto MAL, que me impediu até hoje de terminar e publicar o meu LIVRO.
    Infelizmente já não vivem o nosso glorioso comandante: Marechal Mascarenhas de Moraes e nosso valoroso Marechal Marques Porto. Cansaram de esperar.
    Mas, DEUS, sabe porque, e eu não faço o que quero, nem vivo. Sofro estacionada neste conflito. Não consigo me libertar.
    Quando parti, levei comigo um espesso caderno, para meu DIÁRIO DE GUERRA, e após muitas peripécias, voltei com meu manuscrito completo.
    Procurei a “Editora José Olympio”, por ser de Família Batataense, conterrânea, para publicá-lo, mas nada consegui, devido ao acúmulo de obras atrasadas pela guerra.
    Foi um MAL, porque, se tivesse me desabafado, por certo ter-me-ia curado. E, foi um BEM, porque, com o passar dos tempos, fui perdoando tudo, me elevando mais, deixando o EGO-ISMO.
    Resolvi então, fazer um trabalho impessoal, coletivo, embora menos interessante par ao LEITOR, mas de maior valor histórico-militar como documentário póstumo, afim de elevar as colegas ao alto pedestal no conceito do nosso Povo Brasileiro, que tão bem merecem, como mereceram os nossos PRACINHAS e todos os demais elementos da gloriosa FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA, mesmo porque, meus amigos patrícios, somos humanas em busca da perfeição, assim como todos eles e todos vós, sujeitos a todos os percalços da JORNADA TERRESTRE.
    Nós nos expusemos a tudo. Quem não tem culpa? Vós, que lá não fostes? Também, eu repito as divinas palavras de JESUS: “Quem estiver sem pecado, que atire a primeira pedra.”
    Tantos anos são passados, e algumas colegas, ainda labutam até hoje, na missão santificante.
    Ainda neste momento em que traço estas linhas, estremeço como pilha elétrica incontrolável, ao recordar que, no dia 18 de julho de 1945, estávamos formadas junto ao Palanque Presidencial (entre as avenidas: Presidente Vargas e Rio Branco – frente à Catedral), aguardando o momento de integrarmos ao 1º ESCALÃO, para a PARADA DA VITÓRIA.
    Senti um frio acolhimento do povo em geral (da Capital da República) e pressenti que se desfilássemos, algo acintoso, e de profundamente ingrato, nos atingiria publicamente... Creio que o mesmo pressentimento teve alguém da Comitiva do Palanque, pois que não deixaram que desfilássemos... Poderia fazê-lo de cabeça erguida, confiante em DEUS, mas, com o coração magoado, mesmo não sendo realmente condenada, me afastei (me esgueirei), pelas ruas transversas, mais desertas e me recolhi ao meu acolhedor cantinho na Cinelândia, silenciosamente...
    Voltando desse justo desabafo à realidade presente.
    Para fazer um trabalho de conjunto, tive que obter toda documentação possível. Com dificuldade, estabeleci contato com todas elas, pessoalmente ou por correspondência, espalhadas por todo o Brasil e algumas delas, fora do país. Muitas não me conheciam antes, mas, me acolheram carinhosamente. Recorri aos arquivos fotográficos de todos os Jornais, AG~ENCIA NACIONAL e EXÉRCITO. Consultei todos os Diários Oficiais, na IMPRENSA NACIONAL. No Ministério da Guerra, plenamente autorizada pelo Diretor de Saúde, o nosso ex-comandante, consultei os arquivos da 2ª Seção do S.S., do Serviço Especial da “FEB”, Serviço de Identificação e outros setores, necessários, onde colhi e confrontei todos os dados possíveis e reais.
    A todos os elementos anônimos que muito colaboraram, o meu sincero agradecimento, pois me vejo na impossibilidade de citá-los nominalmente.
    Mesmo assim o trabalho não está completo, mas, note bem, não foi só por minha culpa.
    Finalmente, em vez de MEU DIÁRIO DE GUERRA, que daria melhor para um filme, vos apresento as:
F E B I A N A S

NOME esse muito apropriado.


Texto Datilografado elaborado pela própria Altamira visando publicá-lo como livro, em três partes:
I-ANTES DA GUERRA
II-DURANTE A GUERRA (a partir de seu diário manuscrito)
III-APÓS GUERRA

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.

DECLARAÇÃO DE GUERRA


Texto Datilografado elaborado pela própria Altamira visando 
publicá-lo como livro, em três partes:

I-ANTES DA GUERRA
II-DURANTE A GUERRA (a partir de seu diário manuscrito)

III-APÓS GUERRA

(PARTE I)
-:- DECLARAÇÃO DE GUERRA -:-
22-8-42:- O Chefe do Governo declarou guerra ao EIXO
-§-
     3-9-42:- Às 13 horas, começou o desfile de todos os funcionários, diante do Palácio do Catete, tendo sido a concentração no Stadium do Fluminense. Falou o Sr. Ministro Marcondes Filho e, depois o Sr. Presidente da República, sendo ambos aclamados pela multidão. Dispersão às 19 horas.
     4-9-42:- Fiquei surpreendida e muito contente, pois recebi resposta do telegrama, nos seguintes termos transcritos:- Of. Altamira P. Valadar
         “R.P.     Ao 264806/19/8-Lapa Rio D.F.
DE PALÁCIO CATETE RIO DF 428 “28” 2 NIL     -1688-
  - PRESIDENTE REPÚBLICA AGRADECE PATRIÓTICAS EXPRESSÕES SOLIDARIEDADES TELEGRAMA LHE DIRIGISTES POR MOTIVO COVARDE BRUTAL TORPEDEAMENTO NAVIOS MERCANTES BRASILEIROS.
PT CORDIAIS SAUDAÇÕES
  LUIZ VERGARA – SECRETÁRIO PRESIDÊNCIA (vide doctº-original 1688-1º)
-§§§ -

INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 

O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de [28/08/1944 com excertos desde o dia 04/08/1944 a 28/04/1945] e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou o que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse livro datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o livro datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.


Copyright©1994-2020 Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref, da FEB Altamira Pereira Valadares. Todos os direitos reservados. Todos os textos e imagens são protegidos por direitos autorais e outros direitos de propriedade intelectual pertencentes ao Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref da FEB Altamira Pereira Valadares. 

É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem a prévia autorização do Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref da FEB Altamira Pereira Valadares.

CRIAÇÃO DA FEB


Texto Datilografado elaborado pela própria Altamira 
visando publicá-lo como livro, em três partes:

I-ANTES DA GUERRA
II-DURANTE A GUERRA (a partir de seu diário manuscrito)
III-APÓS GUERRA


(PARTE I)


CRIAÇÃO
DA
FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA

     Tendo o Brasil declarado guerra ao Eixo, em virtude dos traiçoeiros torpedeamentos dos nossos navios indefesos, pelos submarinos inimigos gratuitos, em pleno litoral do país, e, na eminência de futuros a ataques diretos, o nosso Governo precavido resolve criar um Corpo Expedicionário em condições de agir eficientemente além-mar, se solicitado.
     O nosso povo, de natureza pacífica, mas covarde nunca saberá responder à altura tal afronta, salvaguardar a nossa liberdade, a nosso direito, a nossa paz.
     Transcrevo na íntegra o trecho extraído do livro “A FEB pelo seu Comandante” – Mar. J.B. Mascarenhas de Moraes:
“A Portaria Ministerial nº47-44, de 9 de agosto de 1943 (publicada no Boletim Reservado do exército, de 13 ago.43), estabeleceu as primeiras normas gerais de estruturação da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª D.I.E.), fixando-lhe a organização.”

DESIGNAÇÃO
     Para organizar e instruir a 1ª D.I.E., foi designado o comandante da 2ª Região Militar (SP.), General JOÃO BATISTA MASCARENHAS DE MORAES aceitando o honroso convite que lhe fora feito, pelo Exmo. Ministro da Guerra, general EURICO GASPAR DUTRA.
    

INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 

O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de [28/08/1944 com excertos desde o dia 04/08/1944 a 28/04/1945] e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou o que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse livro datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o livro datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.


Copyright©1994-2020 Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref, da FEB Altamira Pereira Valadares. Todos os direitos reservados. Todos os textos e imagens são protegidos por direitos autorais e outros direitos de propriedade intelectual pertencentes ao Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref da FEB Altamira Pereira Valadares. 

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PREÂMBULO

Texto Datilografado elaborado pela própria Altamira visando 
publicá-lo como livro, em três partes:

I-ANTES DA GUERRA
II-DURANTE A GUERRA (a partir de seu diário manuscrito)
III-APÓS GUERRA

(PARTE I)
      Nessa ocasião, já vinha exercendo o cargo de enfermeira técnica da Escola “Ana Neri”, do Quadro Especial do Ministério da Educação e Saúde (incluindo o curso de 3 anos entre 1930-1933), há 14 anos, sendo 10 anos no Hospital Escola – “São Francisco de Assis”, chefiando Serviços e ensinando alunas, e 4 anos, de Saúde Pública, como enfermeira sanitarista, à disposição da Prefeitura do Distrito Federal e por último no Serviço de Coordenação de Enfermagem.
     Além disso, já em Março desse mesmo ano, havia se realizado um Curso Complementar de Enfermagem de Guerra (só para profissionais), organizado pela “Cruz Vermelha Brasileira”, devidamente oficializado pelo Ministério da Guerra. Consegui mais esse diploma que foi registrado no Ministério referido, à FL.85 em 14-7-42. Dos professores, destacarei apenas aqueles que mais tarde, vieram a tomar parte ativa na guerra, direta ou indiretamente: General Médico, Dr. João Afonso de Souza Ferreira, no cargo de Diretor do Serviço de Saúde do Exército no Brasil, que durante a guerra, nos visitou no “Front Italiano”, em inspeção ao Serviço de Saúde da “FEB”., em 27-2-45, no 32nd Field Hospital, vindo a falecer em 30 set 1947; e do Sr. Tenente Coronel Médico, Dr. Emmanuel Marques Porto, como Comandante do Serviço de Saúde da força Expedicionária Brasileira, vindo posteriormente a ocupar o cargo de Diretor do Serviço de Saúde do Exército, no Brasil, como General da Divisão, e finalmente se afastando de suas funções atingindo o mais alto posto militar como Marechal, em ...............
     O meu desejo era servir como enfermeira do Ar, tanto que preenchi a ficha especial, porém ainda não havia esta organização, pura miragem.
     Este curso contou apenas de: aulas teóricas, ilustrações e visitas aos estabelecimentos relacionados ao Mecanismo do Serviço de Saúde de Guerra, Material Sanitário Padronizado para guerra, pois, quanto à enfermagem propriamente, já eram portadoras de diplomas e estavam em exercício de suas funções.
-§-




INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 


O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de [28/08/1944 com excertos desde o dia 04/08/1944 a 28/04/1945] e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou o que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse livro datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o livro datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.


Copyright©1994-2020 Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref, da FEB Altamira Pereira Valadares. Todos os direitos reservados. Todos os textos e imagens são protegidos por direitos autorais e outros direitos de propriedade intelectual pertencentes ao Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref da FEB Altamira Pereira Valadares. 

É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem a prévia autorização do Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref da FEB Altamira Pereira Valadares.

CURSO DE EMERGÊNCIA DE ENFERMEIRAS DA RESERVA DO EXÉRCITO

Texto Datilografado elaborado pela própria Altamira visando 
publicá-lo como livro, em três partes:

I-ANTES DA GUERRA
II-DURANTE A GUERRA (a partir de seu diário manuscrito)
III-APÓS GUERRA
Mapa de meio de transporte do 
Sistema de Saúde Divisionário elaborado por Altamira
(acervo CD II Guerra APV)

(PARTE I)

“CURSO DE EMERGÊNCIA DE ENFERMEIRAS DA RESERVA DO EXÉRCITO”
(C.E.E.R.E.)
     Abrindo um parênteses, para um aparte.
     Como é natural, pessoa alguma vai a uma festa ou para uma viagem, sem primeiro se preparar em condições, quanto mais para uma guerra e, fora de seu país.
     Portanto, tenham paciência de esperar um pouco, pois preciso dar uma ideia ao caro leitor, de tudo que foi feito antes de nossa partida.
     Em 13-12-43, o Presidente da república, usando da atribuição que lhe confere o artigo 74, letra a, da Constituição, decreta:
     Artigo único. Fica aprovado o Regulamento que com este baixa, assinado pelo General de Divisão Eurico Gaspar Dutra, Ministro de Estado da Guerra, para o Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército, pelo DECRETO Nº 14.257.
     Rio de Janeiro, 13 de Dezembro de 1943, 122º da Independência e 55º da República”.
                        Ass.:- GETÚLIO VARGAS
                            Eurico G. Dutra





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Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.



REGULAMENTO PARA O QUADRO DE ENFERMEIRAS DA RESERVA DO EXÉRCITO


Texto Datilografado elaborado pela própria Altamira 
visando publicá-lo como livro, em três partes:

I-ANTES DA GUERRA
II-DURANTE A GUERRA (a partir de seu diário manuscrito)
III-APÓS GUERRA

(PARTE I)

            ÷ REGULAMENTO PARA O QUADRO DE ENFERMEIRAS
                       DA RESERVA DO EXÉRCITO ÷

     Art. 1º. O Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército, criado por decreto-lei n. 6.097 de 13 de Dezembro de 1943, será constituído por brasileiras que hajam terminado, com aproveitamento, o Curso de Emergência de Enfermeiras da reserva do Exército.
     Parágrafo único. Fica o Ministro da Guerra autorizado a mandar organizar o Curso referido neste artigo, cujo funcionamento será regulado de acordo com as instruções baixadas pelo Diretor de Saúde do exército e aprovadas por aquela autoridade.”
(Nota:- Tudo publicado no Diário Oficial (Secção 1) de quarta-feira 15-Dezembro de 1943, pgs.4 e 5).
     Este Curso destina-se a permitir uma intensiva revisão dos conhecimentos adquiridos pelas enfermeiras (diplomadas ou em exercício da profissão), Voluntárias Socorristas e Samaritanas, preparadas por escolas de reconhecida idoneidade e sua adaptação à enfermagem militar de campanha, de forma a ficarem capazes de, quando convocadas para o serviço ativo do Exército, assumir as responsabilidades de seu encargo na formação de saúde em que forem classificadas.
     Apesar de ser um Curso Voluntário, a candidata além de apresentar todos os documentos necessários para a sua matrícula terá que assinar um Compromisso de reconhecimento de obrigações, não podendo depois recuar a não ser por motivos perfeitamente enquadrados dentro das condições do Regulamento. Transcrevo pois a seguir na íntegra os termos deste JURAMENTO:-

Modelo De Compromisso De Candidata Ao
“Curso de Emergência De Enfermeiras
De Guerra”
     “Ao requerer matrícula no “Curso de Emergência de Enfermeiras de Guerra do Exército, declaro que estou ciente de que o mesmo se destina à minha inclusão no Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército e me comprometo, quando convocada ao serviço ativo, a aceitar a designação que me for feita pelas autoridades militares para servir no Serviço de Saúde do Exército, dentro ou fora do Brasil, enquanto forem julgados necessários os meus serviços”.
§§§
     Ao candidatar-me, antes, perguntei ao oficial médico quem me atendeu: Qual a situação de uma enfermeira diplomada? Ao que ele me respondeu: “Antes, não haverá diferença, serão todas iguais, mesmo porque uma enfermeira improvisada, com umas duas semanas mais ou menos de guerra, acabará se desembaraçando bem, dando conta de suas funções. As senhoras serão promovidas em guerra, conforme merecimento”. Fiquei assim parada um instante apenas e disse; está bem, eu quero é servir da melhor maneira possível e, me inscrevi. Ao apresentar meus documentos comprovantes, um major médico me disse que bastava constar (citar) um diploma apenas, o que fiz, mas isto me prejudicou logo após e futuramente.
     Durante o período de inscrição, foi tal a avalanche da mulher brasileira, entre senhoras e moças, de todas as classes sociais, todas com o mesmo e sagrado ideal de servir à Pátria, atendendo pressurosas ao apelo das Forças Armadas. Porém, previamente já o Exército havia estabelecido o “Quantun” necessário.
     Diante disso, após rigorosa seleção, muitíssimas se viram preteridas, com tristeza, uma vez que estavam desejosas de merecer a honra de participar com a “FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA”, nos campos de batalha de além-mar.
     Durante minha inscrição, o Cel. Médico, Chefe da Seção, na Diretoria de Saúde, quando nos viu (a mim e a Olga Mendes), pois estávamos juntas e havíamos sido alunas dele, no Curso Complementar, nos disse:- “Muito bem, eu sabia que as senhoras viriam”...
§§§



INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 
O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de [28/08/1944 com excertos desde o dia 04/08/1944 a 28/04/1945] e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou o que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse livro datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o livro datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.


Copyright©1994-2020 Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref, da FEB Altamira Pereira Valadares. Todos os direitos reservados. Todos os textos e imagens são protegidos por direitos autorais e outros direitos de propriedade intelectual pertencentes ao Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref da FEB Altamira Pereira Valadares. 

É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem a prévia autorização do Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref da FEB Altamira Pereira Valadares.

CURSO DE EMERGÊNCIA DE ENFERMEIRAS DA RESERVA DO EXÉRCITO - "C.E.E.R.E."

Texto Datilografado elaborado pela própria Altamira visando 
publicá-lo como livro, em três partes:

I-ANTES DA GUERRA
II-DURANTE A GUERRA (a partir de seu diário manuscrito)
III-APÓS GUERRA

Grupo de Enfermeiras do C.E.E.R.E. na aula de Educação Física
22 de março de 1944 - Forte São João (Rio de Janeiro)
Acervo do Centro de Documentação APV doado pela Agência Globo



(PARTE I)
“CURSO DE EMERGÊNCIA DE ENFERMEIRAS DA RESERVA DO EXÉRCITO”
“C.E.E.R.E.”

     Teve início no dia 1º de Fevereiro de 1944, 3ª feira, às 14 horas/ no Auditório da “D.S.E.”, sendo inaugurado pelo Exº. Cel. Méd. Dr. João Afonso de Souza Ferreira, na presença do nosso Diretor da 1ª Turma, Major Méd. Dr. Augusto Marques Torres, possuidor de profundos conhecimentos profissionais, educacionais e militares.
     Constou das seguintes matérias: Prática hospitalar de enfermagem-/ Educação física (Sessões de 30’) - Ordem unida (sessões de 30’) - Serviço de Saúde em Campanha – Hierarquia militar, disciplina, sinais de respeito, Regulamentos Militares- Cirurgia de guerra- Higiene e profilaxia.
     As aulas teóricas:-Matéria militar, Serviço saúde em campanha, Cirurgia de guerra, epidemiologia e profilaxia anti-infectuosa, principalmente em campanha, e diversas Conferencias, todas no auditório da D.S.E.
     As aulas práticas, durante os estágios nas enfermarias, salas de operações, das diversas clínicas do Hospital Central do Exército (H.C.E.) e Policlínica Militar (P.M.), em Moncorvo Filho.
     As aulas de Educação Física, na Escola de Educação Física do Exército, no Forte São João (URCA).
     As aulas de Ordem unida, no Colégio Militar, Rua Francisco Xavier.
     E, assim num ritmo aceleradíssimo, chegávamos às provas finais, exatamente a 11 de Março.
     Este curso foi intenso estafante, no curto prazo de seis semanas, /dada a urgência que a guerra exigia. E, diga-se de passagem muita coisa desnecessária, pois numa guerra moderna não havia aplicação.
     Com muito esforço, boa vontade e todos os sacrifícios, havíamos vencido esta dura etapa, lutando ainda com o curto espaço tempo entre distâncias enormes e transportes difíceis. Às vezes, fazíamos as refeições no restaurante da Central, mediante cartão do Exército, para ganhar tempo. Era uma correria insana, desde bem cedo, para o H.C.E., lá nos confins do mundo pela manhã e, deste para casa almoçar, quando se conseguia condução logo, ou então para o restaurante da Central; desta para o auditório da D.S.E.; daí para o Forte de São João. Parece-me que às vezes recebíamos passes para as conduções?
     Quase sempre chegava em casa, exausta e com o corpo dolorido da ginastica etc., que era preciso tomar um bom banho com sal grosso (cloreto); uma boa refeição e muito repouso, para no dia seguinte recomeçar. Eu, morava no centro da cidade, imaginem que algumas colegas moravam em Carmo Grande, outros distantes subúrbios da Central e em Niterói.
     Um dia resolvi e fui falar com Exmo. Diretor de Saúde do Exército. Expus que, em vez de estar perdendo energias e repetindo o que já vinha exercendo há muito, poderia isentar-me desta frequência e estágios (pois sabia que alguém gozava desse privilégio), poderia fazer então um estágio mais proveitoso e útil de adaptação, nos U.S.A. que viesse beneficiar a nós mesmas em campanha. Ele respondeu que: isto era impraticável, desnecessário e também não havia tempo. Não me reconheceu, nem me lembrei de dizer-lhe que já havia sido sua aluna. Sentia-me desarvorada, desambientada dentro do Exército, como num mar encapelado, sem tomar pé sem poder nadar, nem mesmo boiar. A única pessoa que poderia me referenciar já havia partido, antecipando à Força, preparando no T.O. funcionamento do S.S. da “FEB”. Não há de ser nada, hei de vencer. Confiava em mim, mas isto não era suficiente, bem que notava algo velado.
     Deste modo se formou a primeira turma, aqui no Distrito Federal, as desbravadoras, graças também aos nossos dirigentes e professores, os desbravadores e, à DEUS!
     Assim nos libertamos das Hebertélas do Major Marques Torres, mas, o Entendidos do 1º Ten. Médico Dr. Fernando Mangia, continuariam!...
     Dentre os muitos professores que nos instruíram, quero salientar de preferência, os que também estiveram além-mar, sem contudo desfazer dos que ficaram e dos que mesmo fizeram nas diversas Regiões Militares, mesmo porque, não consegui todos os nomes.
     Além dos citados anteriormente:-Majores Médicos, Drs. Azaias Duarte, Professor Agenor, Edesio de Estelita Lins; Capitães: Abelardo Raul de Lemos Lobo, Nelson Bandeira de Melo, Godofredo da Costa Freitas e Generoso de Oliveira Ponce. Tenentes Médicos: Dr. Fernando Mangia...
Mesmo assim não me é possível lembrar dos nomes dos demais e saber das turmas seguintes nas diversas Regiões Militares, aos quais peço-lhes mil perdões. E a todos eles em geral, em nome das colegas, o nosso sincero agradecimento.
     O “Diário de Notícias” do dia 26 de Março de 1944, de acordo com o Boletim das armas à pág. 10, tornou público o seguinte:-
As primeiras enfermeiras que vão acompanhar as Forças Expedicionárias Brasileiras concluíram os seus cursos.

“O Curso de Emergência de Enfermeiras da Reserva do Exército, dirigido pelo professor major dr. Augusto Marques Torres, acaba de tornar público a relação nominal das jovens que concluíram com aproveitamento os seus estudos e que serão dentro em pouco incluídas no respectivo quadro criado pelo governo. Essas novas enfermeiras da reserva, que vão ser distribuídas pelas unidades de tropa das Forças Expedicionárias Brasileiras, são as seguintes, por ordem de merecimento intelectual:

Nota:- Para não estar aqui e mais adiante dando e repetindo relações de nomes, mesmo porque de princípio não estavam completas, dependendo da conclusão dos cursos das demais, e também sem saber qual a ordem de aproveitamento, darei então no final do Livro, um Quadro Evolutivo Total, completo, em ordem de: 1º merecimento intelectual (1ª Turma); 2º Nomeação a 3ª Classe (todas as turmas), com nº Portaria e data;  3º Convocação com nº Portaria e data; 4º Partida, etc. etc. até a volta, somente das que fizeram a guerra.

E, para que não pensem que desejo esconder minha lamentável situação basta que lhes diga: Imaginem os leitores que fiquei triste mesmo, quando verifiquei que fui classificada nas provas em 41º lugar, eu que sempre fiz tudo para obter primeiro lugar? como? não sei? Senti-me envergonhada perante os que não me conheciam antes, só Deus mesmo sabe como aconteceu isto! Não tem importância, si não me tolherem os passos para servir e provar assim que não sou tão incapaz como enfermeira, quanto o sou como intelectual!
Ainda o mesmo matutino dizia:-“Essas enfermeiras vão receber seus diplomas em solenidade especial que será realizada dentro em pouco, em dia e hora a serem designados”.
Não houve a solenidade especial nem a entrega de diplomas (até hoje), conforme estava marcado para o dia 4 de Maio, devido a motivo que ignoro, talvez a atribulação da guerra que se agiganta. O que importa é que já se podia respirar um pouco, uma vez que o 1º Grupo estava em condições de integrar no primeiro “Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército”, criado recentemente no Brasil.
Deu-se a seguir início à 2ª Turma, do D.F., ainda sob a direção do Maj. Méd. Dr. Augusto Marques Torres, nos primeiros dias, sendo concluída sob a direção do Maj. Méd. Dr. Luiz Paulino de Mello.
Creio que nesta e nas outras turmas que se seguiram, diversas dificuldades foram sanadas, em virtude da primeira experiência. Também tudo se processou com mais calma e segurança, uma vez que já se podia contar no momento com um grupo. Pelo menos receberam seus diplomas e as das outras Regiões Militares.
Em resumo, num total aproximado de 276 candidatas, em todo território nacional, formando 14 turmas, concluíram o curso com aproveitamento 244 alunas.

Nota:- Sobre o “C.E.E.R.E.”, CONVOCAÇÃO, PREPARAÇÃO, Curso de enfermagem de Vôo, Curso de Enfermagem da Força aérea Brasileira, tenho em separado, trabalhos completos (ou seja mais extensos), à disposição do Exército e da “FAB”, para sua Biblioteca, quando o desejarem.

     Neste Curso “CEERE”, pudemos observar que foi constituído na maioria por: Samaritanas, Voluntárias Socorristas, Enfermeiras práticas, Atendentes e, pouquíssimas profissionais da Escola Padrão “Ana Neri”, “Cruz vermelha Brasileira”, Escola “Alfredo Pinto” e Escola de “Enfermagem de São Paulo”.
     As Samaritanas e Socorristas predominaram e quase todas fizeram esses cursos de emergência, com a finalidade de colaborar nesta guerra.
     Portanto estavam em melhores condições físicas, dispostas, sem o cansaço produzido pelo exercício das funções de enfermagem. Também como é natural, quase todas, mais jovens, faltando nelas apenas o conhecimento mais profundo da profissão.
     Não quer isto dizer que as profissionais não tenham acorrido ao referido curso. É que a meu ver, devido às exigências dos seus dispositivos, as tenham impedido. Também a enfermagem é a profissão que mais energias rouba à mulher, e, aquelas que já vem exercendo a espinhosa tarefa quase que fatalmente não poderiam vencer o Curso de Adaptação Militar e trabalhar numa guerra, apesar de sua competência. O nosso País, precisa amparar melhor esta Classe, para que elas se mantenham sempre em condições físicas de desempenhar com saúde e bom humor, a mais bela das Belas Artes: a ENFERMAGEM!

INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 

O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de [28/08/1944 com excertos desde o dia 04/08/1944 a 28/04/1945] e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou o que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse livro datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o livro datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.


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