27 de outubro de 1944 – CARTA
DE AUREA PARA PALOMO (cópia)
Rio, 27 de Outubro de 1944
Caro Palomo,
Deus te guarde!
Espero que já tenhas recebido minha primeira cartinha para
teu conforto. Já te enviei um cartão com dizeres que muito te alegrarão. Anexa
a esta, seguirá a letra da “CANÇÃO DO EXPEDICIONÁRIO”, da qual tirei cópia
também para a querida maninha Altanira. Foi uma homenagem do nosso glorioso
poeta (GUILHERME DE ALMEIDA), a F.E.B. A música é da canção (Você sabe de onde
eu venho?) Espero com isto dar-te migalhas de conforto moral e espiritual.
Chegaste bem de viagem? A Itália é linda, mesmo atingida,
mesmo em ruinas? O mar, o céu, é mais lindo que nosso Cruzeiro do Sul? Conta-me
alguma cousa(sic), em tua carta, quero guardar impressões de todos, que de mim
se lembrarem por fraternidade universal. Para nós aqui, nada nos conforta tanto
do que saber que todos os nossos aí vão bem e que tudo o que é nosso tem um
encanto diferente, que tudo verem lhes sejam motivo para alegria e curiosidade
aos olhos do estrangeiro. Mesmo tendo boas notícias, as nossas orações são e
serão sempre para a volta triunfal o mais breve possível de todos, para que
restiuam(sic) com sua presença a calma aos corações das mães, irmãs, noivas,
companheiros na vida social tão necessária, turvada torpemente.
Aqui, parece que todos bem. Sou sempre a mesma, no meu
cantinho, escrevendo à todos e fazendo meu habitual tricot(sic). Peço a Deus
por todos, em todos os momentos, onde estiverem, e que tenham sempre minutos
preciosos com que possam dedicar às suas famílias e amigos, concentrados numa
carta ou cartão onde nós possamos senti-los para que a ausência nos seja mais
suave e menos amarga!
Abraça-te fraternalmente, e à maninha por mim
Aurea (Nenê
Sabes, Palomo que hoje começa
a 1ª Olimpíada? Vamos sair à 1 hora, assistirei e te darei
impressões dos atletas.
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