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4-11-44-Sabado –
Pizza e Florence : - Cêdo para o Break. no Hospital: como sempre descalça e
calças arregaçadas – Lá, já não tinha nenhum doente nosso – todos evacuados _
Insistimos c/ o major pª irmos salvar nossas roupas – ele não deixou e
disse q. ele iria – enquanto discutia
com o capitão méd. Dr. Adolfo Riedel
Ratsbone (meu visinho no Rio 56 –S- Dantes) as nurses tomaram o caminhão e nós tambem
fugimos (deixei meu diário e a capa com Olga); ele, qdo viu penso q.
ficou furioso!- Lá chegando, tiramos toda a roupa possível (amarrei tudo meu
com o cinto e gravata numa alça do caminhão (Tunica de lã c/ tudo de valor
dentro) – Nos metemos na agua barrenta até a cintura quasi (já havia baixado +-
½ metro) com auxilio de 1 estaca fui tateando para saltar as valas (Bridges)
mas assim mesmo as vezes me afundava nelas
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; a nossa “Tenda Paquetá” _ tudo nosso em
ordem e pouca cousa molhou porq. estava bem alto _ Arrancamos a porta e tentamos fazer 1 jangada
mas quase q. virou e ia molhando tudo; resolvemos carregar 1 por 1 nas costas;
assim fiz 6 viagens sempre c/ 1 estaca e conseguí chegar aos caminhões quase sem
molhar as malas (porem as dos outros encharcadas inutilizaram a nossa, o nosso cuidado
a nossa energia - Cortei as cordas dos
sacos pois deixei as chaves na túnica e só tinha 1 tesoura) coloquei o
que podia dentro (miudezas q. estavam nos armários e caixotes) tudo tão pesado!
Não sei como tive força pª tudo! Deus me ajudou e a todos. Já no fim, não
dominava o tremor do corpo – estava roxa – gelada e faltava 1 caixote pesado –
resolvi deixar o restante e fui com ele protegida por 1 cobertor, felizmente
nesta altura chegou 1 jangada improvisada por Dr. Rupi e outros Dr. Monteirinho
bem perto larguei o caixote lá subi, me enrolei no cobertor e me deram 1
cerveja; em meio do caminho por sôrte 1 amfibio chegou mais proximo e nos tocámos para lá – eu remando com a
estaca _ subimos _ me acomodei e comi amendoim e tomei cerveja – as colegas
começaram a cantar e muitos americanos tira-
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ram fotografias – Depois de muito esperar,
partimos e deixamos os nossos brazileiros da jangada _ no caminhão vimos o
caminhão brasileiro tombado e os sargentos e oficiaes Dr. Godo etc com bagagem
em tabôas nas aguas – seguimos pª o club _ tratei de me enxugar e mudar a roupa
encharcada _ Nisto algumas colegas foram almoçar e nós perdemos a condução _
Por fim Miss Almond me chamou me chamou e a Belem q. estava na porta e fomos ao
Mess – descalça sempre – O Dr. Ernestino nos ajudou a descer e a subir – pois voltamos
na mesma condução – não tinha + almoço – Dr E. não estava zangado aparentemente e disse q. nos procuraria amanhã ou depois pois devíamos
seguir pª Florença ás 16hs _ eles ficariam na base _ O club todo molhado das nossas
bagagens _ O capt. Serra Campos veio c/ Gipp – trouxe – biscoitos, salchichas _
cigarros, fosforos etc e distribuiu mas eu só vi salchichas! Tirou algumas fotografias
_ Os caminhoes chegaram e ordem pª colocar a bagagem _ Foi uma desordem e
correria! Tudo meu lá dentro – 6 nurses em cada
ambulancia eu, Helena e mais 4 americanas na 2ª ambulancia _ Miss Almond
etc na 1ª _ Quasi 3 hs de viagem – sentia sono e dôr nas pernas todas
machucadas _ As veias do corpo
distendidas – Chegamos ao 24º Station Headquartes
24th, General Hospital (U.S.) A.P.O. 379 ás 17hs e após entendimento subimos o pavilhão das nurses e fumos
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ocupando as camas tripê ao longo do corredôr
_ eu e Helena juntas _ as outras ainda não chegaram _ respiramos fundo qdo
nos vimos no seco. Gde hospital construido em pavilhões extensos e belos
– A major chef nos atendeu em tudo junto a nossa Chief Almond. Aqui tudo chic _ alinhado – uniforme completo
e touca. Todas bonitas e bem uniformisadas – As americanas nos receberam com
alegria e carinho – fomos lógo – após Yvone ao room de 3 delas _ Madlock nos encheu de cerveja – chocolate –
cigarros etc. e conversamos um pouco_ tratou de oficiaes nossos em Grossetito em
agôsto e aqui em frente a sacada estourou 1 mina levando 4 milit pelos ares –
Têm muito serviço e dissera q. todos os hospitais para alem de Fl. são horriveis _ Descemos pª o jantar - fila bandeja e complemento nas mesas –
salão servido por garçonettes e controlado por fina mordoma – subimos e tomamos
1 bom banho frio no qto de 1 delas (nos deu toalhas e sabão) Assim
molhada descemos – Aproveito a luz do dinning-room e escrevo enqto todos
aguardam os caminhões _ Chegada a bagagem – tive a sorte de achar quem me
ajudasse – arrumei a cama – mudei pijama e pretendia escrever qdo deu o
sinal de alarme- Tudo apagado – não conseguira dormir e assim foi quasi toda a noite.
TRECHO
DATILOGRAFADO POR ALTAMIRA PÓS GUERRA
4-11-44-Sábado
– Pisa:– PISA e FLORENÇA – 38th.e 24 General Hospital
Cedo para o breakfast, no hospital: como sempre,
descalça e calças compridas arregaçadas. Lá, já não tinha nenhum doente nosso –
todos evacuados.
Insistimos
com o major para irmos salvar nossas roupas mas, ele não deixou, e disse que
ele iria.
FUGA
Enquanto discutia
com o capitão médico Dr. ADOLFO RATISBONA (meu distinto vizinho no Rio) as
nurses tomaram o caminhão e, nós também fugimos (deixei meu Diário e a capa com
Olga). Ele, quando viu, já estávamos longe, penso que ficou furioso!?
Lá chegando, tiramos toda a roupa possível: amarrei
tudo meu com o cinto e gravata, numa alça do caminhão (túnica de lã com tudo de
valor dentro dos bolsos)
Enchemo-nos de coragem e nos metemos na agua
barrenta até a cintura quase (já havia baixado creio que meio metro). Algumas
colegas não desceram, se limitaram a olhar desanimadas para aquele cenário
molhado. Com auxílio de uma estaca, fui tateando para saltar as valas (bridges)que
eu mentalmente conhecia o traçado, mas, assim mesmo às vezes me afundava nelas.
A nossa tenda “Paquetá”: tudo nosso em ordem e pouca
coisa molhou, porque estava bem alto. Achei que o melhor seria levar aos poucos
até ao caminhão, mas Berta quis tentar fazer uma jangada, com a porta que
arrancamos. Não deu resultado, quase que virou e ia molhando tudo. Perdendo
nosso precioso tempo e nos expondo a longa permanência nesta umidade, de águas
contaminadas pelas fossas, lixo das enfermarias, salas de operações, Mess etc.
Resolvemos carregar um por um dos volumes, nas costas. Cortei as cordas dos
sacos, pois deixei as chaves dos cadeados na túnica e só tinha uma tesoura.
Coloquei tudo que podia dentro (miudezas que estavam no armário e caixotes).
Assim, fiz 6 viagens, sempre com um bastão tropeçando e me ferindo nas cordas,
estacas, pregos, que flutuavam invisíveis, sob as águas escuras, e consegui
chegar aos caminhões, quase sem molhar as malas (porém, as dos outros, encharcadas,
inutilizaram, a nossa, o nosso cuidado, a nossa energia. Tudo tão pesado! Não
sei como tive forças. Deus me ajudou e a todos. Ainda tive ânimo para auxiliar
uma nurse, que lutava por erguer sobre as águas a sua mala de lona americana
(igual a minha): parecia um chumbo. Tive oportunidade de passar pelas tendas
das americanas e ver boiando tanta preciosidade abandonadas, principalmente
dentro da tenda de Jeanne. Que fazer? Estava além de minhas forças. Ainda penso
que eu e Berta carregamos a mala “A” de helena (que não teve coragem de descer
do caminhão). Já no fim, não dominava o tremor do corpo – estava cianótica,
gelada e, faltava um caixote pesado. Resolvi deixar o restante e fui com ele,
protegida por um cobertor (que estava dependurado no alto). Todos lutavam, cada
um de per si para diminuir seus prejuízos e, me olhavam preocupados (com
certeza o meu aspecto não era nada bom).
A Jangada improvisada e o Anfíbio
Felizmente nesta altura chegou uma jangada
improvisada e dirigida pelos Drs. Rupi e José Monteiro (Monteirinho), bem
perto. Larguei o caixote lá, subi, me enrolei no cobertor e me deram um
frasquinho de cerveja, que boiava. Em meio do caminho, por sorte, um anfíbio
chegou mais próximo e nós tocamos para lá, eu, remando com a estaca. Subimos-
me acomodei, comí amendoim e tomei cerveja (coisas fora de meus apetites). Em
toda esta tristeza e perigo, tudo correu sem alardes e bom humor. As colegas
começaram a cantar e muitos americanos tiraram fotografias. Depois de muito
esperar pelos demais, partimos e deixamos os meus salvadores na jangada.
Vimos o
caminhão brasileiro tombado; os sargentos e oficiais tentando amparar a bagagem
(o peso fora demais). Dr. Godofredo, nas águas, segurava seus volumes numa
taboa e olhava para nós que partíamos.
Seguimos para
o Club. -Tratei de mudar a roupa encharcada e me enxugar. Nisto, algumas
colegas foram almoçar e nós perdemos a condução.
Perdemos o almoço
Por fim Miss Almond me chamou me chamou e a Belém,
que estávamos na porta e fomos ao Mess: descalças sempre. O Dr. Ernestino nos
ajudou a descer e a subir, pois voltamos na mesma condução; não tinha mais
almoço.... Ele não estava zangado (aparentemente), e disse que nos procuraria
amanhã ou depois, pois devíamos seguir para Florença às 14hs. – eles (oficiais),
ficariam na Base. O Club, todo molhado das nossas bagagens. O Sr. Capitão Serra
Campos, veio do “QG” num jeep. Trouxe: biscoitos, salchichas, cigarros, fósforos
etc e distribuiu, mas eu, só vi salchichas. Criatura boa e distinta. Tirou
algumas fotografias.
Os caminhões chegaram. Ordem para colocar a bagagem.
Foi uma desordem e correria! Tudo meu lá dentro- as escadarias atravancadas.
Seis nurses em cada ambulância. Miss Almold, etc, na
primeira. Helena, eu e mais 4 americanas na segunda. Quase três horas de viagem
– sentia sono e dor nas pernas machucadas- as veias do corpo distendidas.
24 th GENERAL HOSPITAL
Chegamos às
17hs no Headquartes 24th. General Hospital (“U.S.A.” A.P.O. 379) e após
entendimento subimos ao pavilhão das nurses e fomos ocupando as camas tripé, ao
longo do corredor. Eu e Helena, juntas _ as outras não chegaram. Respiramos
fundo quando nos vimos no seco. A major chief nurse ...........................
nos atendeu em tudo junto à nossa Chief Almond. Aqui, tudo chic, alinhado – uniforme completo
e touca. Todas bonitas e bem uniformizadas. Elas nos receberam com alegria e
carinho. Fomos logo ao room de 3 delas. Miss Madlock nos encheu de cerveja,
chocolate, cigarros etc. e, conversamos um pouco. Ela tratou de oficiais nossos em Grossetto, em
agosto e disse que aqui, em frente à sacada, estourou uma mina, levando 4 militares
pelos ares. Têm muito serviço e disseram que todos os hospitais para além de Florença,
são horríveis. - Descemos para o jantar – fila, com bandeja e complemento nas
mesas– salão servido por garçonetes e controlado por fina mordoma.
Subimos e
tomamos um bom banho frio, no quarto de uma delas que (nos deu toalhas e
sabonetes). Assim melhoradas, descemos. Aproveito a luz do dinning-room e
escrevo enquanto todos aguardam os caminhões.
Chegaram os caminhões
Chegaram os caminhões com a bagagem colossal.
O saguão da entrada, inteiramente tomado. Foi um custo para descobrir os meus
pertences. Parece mentira, mas não houve confusão nem extravio – tudo estava
ali, mas pingando... Tive a sorte de achar quem me ajudasse transportá-los,
pois as minhas forças estão esgotadas. Arrumei a cama – mudei pijama e,
pretendia escrever, quando a sirene tocou o sinal de alarme!
Tudo
apagado imediatamente – não consegui dormir e, assim fiquei toda a noite.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
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