segunda-feira, 16 de novembro de 2020

16 DE NOVEMBRO DE 1944

 

Modelo de marmita usada na Segunda Guerra Mundial

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16-11-44-5ªfeira: 16th Pistoia:- Não fui ao Breakfast _serviço de 8 as 14hs- O.R. Operaram brasileiros inclusive 1 primo de Virginia, Belarmino (amputação dedo mão esquerda) fiquei com tanta pena! Fui almoçar tarde e voltei e trabalhei ainda até 14hs com muita dôr cabeça (talvez friagem nos pés, falta galochão) Os médicos br. fizeram asepcia – com tintura iodo a 3% e foi um caso sério – muito forte – só o cheiro nos fez a todos derramar lagrimas _ Ás 14,10 a tenda do major Ary para receber: 2 colchas, 2 lençóes, 2 fronhas e 1 marmita _ faltando o garfo _ quer dizer + bagagem desnecessária _ Depois com a licença, eu e Helena fomos á Pistoia – no caminho encontramos 2 brasileiros da Aeronautica, Carlos Alberto Klotz, 2º Tte 1º Esquadrão Ligeiro e Observação e João Leite Soares 1º Tte aviador, num gip á procura de Virginia e como Helena tinha esquecido seu dinheiro voltamos e assim aproveitei para escrever no livro as saídas  _Em Pistoia tinha brasileiros por toda a parte, principalmente paulista vindo do front para se respirar um pouco _ Falamos com 1 Cel alinhado do Q.G. recuado e com o Cpt. Cunha e o Tte Bento Leite de Albuquerque – advogado militar eles prometeram nos levar amanhã pª almoçar arroz e feijão lá no Q.G. Não encontramos as encomendas – Venderam tudo – comprei 2 gorros de veludo (160 lrs) pª os sobrinhos, 1 lenço (400 liras) vermelho estampada pª a cabeça tudo por comestiveis – cigarretes e + 100 liras – encomendei 1 crucifixo – na volta o Dr. Bento inventou nos trazer

 


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e foi um estrago erramos o caminho – andamos perdidos 1 hora no escuro – cansada e suando com todo o frio _ muita dôr de cabeça e com fôme _ felizmente alcançámos o jantar ás 18,15 – foi bom _ O Cel M.P. estava no mess – cumprimentei-o – Não saí + apesar de ter direito – só vou trabalhar amanhã as 14hs,00 _ Devem ser 20,00+- estou sem relogio vou deitar-me. Tenho fome.

 

 

TRECHO DATILOGRAFADO POR ALTAMIRA PÓS GUERRA

16-11-44-5ªfeira-16th Pistóia:- Não fui ao breakfast. Serviço de 8hs,00 às 14hs,00 na O.R.- Operaram brasileiros, inclusive um primo da colega Virginia Portocarrero, Belarmino (amputação dedo da mão esquerda); fiquei com tanta pena!-Fui almoçar, voltei e trabalhei ainda até 14hs. com muita cefalalgia (talvez friagem nos pés, falta galochão). Os médicos brasileiros fizeram assepsia com tintura de iodo a 3% e, foi um caso sério: o cheiro muito forte nos fez a todos derramar lágrimas!

Às 14hs,10’ à tenda do Major Ary, para receber: 2 colchas, 2 lençóis, 2 fronhas e 1 marmita (faltando o garfo). Quer dizer, mais bagagem desnecessária.

Depois, com a licença, eu e Helena, fomos à Pistóia. No caminho encontramos dois brasileiros da Aeronáutica, num jeep, à procura de Virgínia: CARLOS ALBERTO KLOTS, 2º Tte. 1º Esquadrão Ligeiro e Observação e JOÃO LEITE SOARES, 1º Tte. aviador, e, como Helena tinha esquecido seu dinheiro, voltamos e assim aproveitei para escrever no Livro, as saídas. Em Pistóia tinha brasileiros por toda a parte, principalmente, vindo do Front, para respirar um pouco _ Falamos com um Cel. alinhado do Q.G. recuado e com o Cap. Cunha e o Tenente Bento Leite de Albuquerque – advogado militar. Eles prometeram nos levar amanhã, para almoçar: arroz e feijão à brasileira, lá no Q.G.- Não encontramos as encomendas: Venderam tudo, foi uma pena! Comprei 2 gorros de veludo (para os sobrinhos), 1 lenço vermelho, para a cabeça, tudo por algumas liras, comestíveis e cigarretes. Encomendei um crucifixo. Na volta, Bento inventou nos trazer e foi um estrago: erramos o caminho – andamos perdidos uma hora no escuro – cansadas e suando com todo o frio _ Muita cefalalgia e com fome. Felizmente alcançámos o jantar às 18hs,15’. Foi bom; o Cel. M.P. estava no Mess – cumprimentei-o. Não saí mais, apesar de ter direito de folga; só terei que trabalhar amanhã às 14hs. Devem ser 20hs,00 mais ou menos, estou sem relógio. Vou deitar-me. Tenho fome..............................


INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 

O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de 28/08/1944 [com excertos desde o dia 04/08/1944] a 28/04/1945 e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. 
Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou outro diário que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse diário datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.


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