domingo, 18 de outubro de 2020

18 DE OUTUBRO DE 1944

 

Major Médico responsável pelo Serviço de Saúde brasileiro do 38º Hospital

PÁGINA 135

18-10-44-38th Pizza – 4ª feira – Com pena me levantei – café e O.R. – falei com a Chief Almond sobre meu caso e nada consegui_ Orientei o serviço de Carmem _ Auxiliei no que pude as amputações_ Nisto chegou o major e me mandou embora terminantemente – luto de 8 dias, talvez vá pª Florença – assim vale a pena – vamos ver! _ Ás 12hs almoço – depois deitei-me um pouco_ Banho – agóra penteio os cabelos pª alto – têm chegado registrados para colegas; para mim não – ao aviões estão impossíveis – é um barulho constante _

 


PÁGINA 136

Quando chegou a hora do jantar o mess repleto e já não tinha logar pª mim- Felizmente me acomodei – Depois já encontrei em nossa tenda o Capt. Floriano – Peixoto Corrêa Comandante da C.P.P.III e o senhor Major Franklin R. de Moraes (Regimento Sampaio III Btl.) (que manda em minas). Trouxemos sandwiches e tomaram cerveja e gim – estavam sem jantar _ Soubemos que Elza Cansação trouxe do Q.G. registrados e cartas – para mim só tinha 3 cartas: Affonso – Aurêa e minha sogra – não falam nada de Papae – Estou na duvida q. meu pae tenha falecido mas agóra outras colegas me disseram q. já sabiam _ li o boletim na tenda do senhor Mj. Ary – deu a noticia e o meu nôjo de 8 dias _ Fui a sala O. coser 1  pouco mas só tomei 1 pessimo café q. a Bertha fez _ Todos gostaram do meu penteado _ Depois Berta veio com + 2 militares da linha de frente q. estavam sem jantar também – comeram o restante q. tinha e se foram _ O senhor major foi tomando gim paulatinamente extreiando o meu banquinho verde de lona – palestrando sobre religião – Cristo – Napoleão – medicina – Politica. Só saíram ás 23hs e tanto e o Dr. Cid também – um caso sério! Ficou de voltar sábado Chove e zune o vento e foi assim a noite toda –

 


TRECHO DATILOGRAFADO POR ALTAMIRA PÓS GUERRA

18-10-44- 4ªfeira: – Com pena, me levantei e fui para a O.R..Falei com a Chief Almond sobre meu caso: que preferia trabalhar para me distrais e que dispensava o luto, pois estamos numa guerra e, nada conseguí. Orientei o serviço de Carminha. Auxiliei no que pude nas amputações. Nisto chega o Dr. Ernestino e me mandou embora terminantemente. Talvez vá repousar em Florença para compensar esses dias de solidão.

Agora penteio os cabelos para o alto.

Têm chegado registrados para as colegas; para mim, não.

Os aviões estão impossíveis, é um barulho constante.

Após o jantar, já encontrei em nossa tenda: o Capt. Floriano Peixoto Corrêa, Comte. da C.P.P.III e o senhor major Franklin R. de Moraes (Regimento Sampaio III btl.). Trouxemos sandwiches e tomaram cerveja e Gin (estavam sem jantar).

Soubemos que Cansação trouxe do “Q.G.”, registrados e cartas. Saímos correndo ao encontreo dela. Para mim só tinham 3 cartas: dos manos Affonso e Aurêa e da minha sogra. Não falam nada de Papai. Estou na dúvida que ele tenha falecido mas, agora, outras colegas me disseram que já sabiam quando partiram do Rio. Li o Boletim na Secretaria do Major Ary: Deu a noticia e o meu nôjo de 8 dias.

Depois veio a Bertha, com mais dois militares da linha de frente, que estavam sem jantar também; comeram o restante que tinha e se foram. O snr. Major, foi tomando Gin, paulatinamente, extreiando o meu banquinho de lona, enquanto palestrava sobre: religião, Cristo, Napoleão, medicina, politica. Só saíram ás 23hs e tanto e o Dr. Cid também. Chove......................................


INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 

O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de 28/08/1944 [com excertos desde o dia 04/08/1944] a 28/04/1945 e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. 
Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou outro diário que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse diário datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.


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