Conchas colhidas em praia de Dakar
Acervo do C.D. II Guerra APV
DIÁRIO MANUSCRITO
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10-08-44 - Quinta-feira. Ainda estamos aqui. Muito
calor_ Não tivemos café_ Dôr de cabeça, até á noite. Eu,Lucia, Olga e Nair fômos
á cidade acompanhadas de oficiaes e com licença do Comandante. Posseção Franceza
- belas residências e muitos francezes -
muito calôr - edifícios oficiaes dignos de registro, roupas leves (quasi
sarongs). Fomos 1º até o mar_ Tomamos muita bebida_ Só às 14hs,00 foi que
conseguimos almoçar em companhia dos 3 americanos_ Pratos francêzes (graças á
Deus), quase iguaes aos nossos: carne assada_ toucinho_ salada de tomate e
chicória e vinho – depois, batata frita bife e salada chicória, vinho e pão_Sobremesa:
Panqueca de banana etc e um forte café. O casal de francêzes gostaram muito de
nós e nos ofereceram um otimo vinho_Os negros invadiram as janelas á pedir
cigarros com mãos e braços cheios de scabioses _As francezas são muito bonitas e gentis. Sylvia deu um
baton á ela_Depois fômos á praia e, lá houve cousas fóra dos hábitos_ Trouxe
umas conchas de lembrança_ Lucia se enamorou do Sargento Kem e esqueceu
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da
vida_ Olga havia bebido muito e nos surpreendeu com suas expansões_ eu e Nair
morremos de rir_ De volta às 17hs,20’ passamos pela favela dos negros.
Muito
calôr- um bom banho frio- nova toilete e ás 19hs,30’ tornamos á sahir – ainda
com dôr de cabeça. Tomei cibalina (comp.). Fomos
á cantina e um deles (Nike) me deu de lembrança uma medalha = Jerusalem.
Comemos cachorro quente com cóca-cóla e depois
sorvete de framboise. Depois fômos ao cinema ver “Casa Blanca”. Só nós
de mulheres_ É um furor! _ Quando saímos ás 22hs40’ passamos pelo Club dos
Sargentos e foi um sucesso para eles_Orchestras, bebidas e palestras_ Todos nos
queriam acompanhar e tivemos que sair 1 a 1 disfarçadamente ás 23hs10’-Durante
o trajeto do gip, entrou Jerry. Chegamos em casa ás 24hs00 +- Arrumar bagagens
e dormir um pouquinho pois às 4hs de
10-8-44-
quinta-feira-Dakar- Louca para prosseguir e ainda estamos aqui. – Muito calôr.
Não tivemos café; já se sabe, cefalalgia até á noite. Lucia, Olga, Nair e eu
fomos á cidade, acompanhadas de oficiaes, e com licença do comandante-
Posseção Francesa:- Belas
residências e muitos franceses. Muito calor, roupas leves, chapéus de palha,
sandálias (quase sarongs). Edifícios oficiais dignos de registro.
Primeiro,
fomos até ao mar- tomaram muita bebida- só ás 14hs,00, foi que conseguimos
almoçar em um restaurante civil- Pratos francêses, graças á Deus; quase iguais
aos nossos: carne assada- toucinho-salada de tomate e vinho- Depois, batata frita,
bifes, salada chicória, vinho e pão- Sobremesa: panqueca de banana etc. e um
forte café! O casal de francêses, dono do bar, gostou muito de nós e nos
ofereceu um ótimo vinho. As francesas são mui gentis e bonitas. Sílvia deu um
baton á Mme. Os negros invadiam as janelas a pedir cigarros, com mãos e braços
cheios de scabiose.
JERUSALEM
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Depois,
fomos á praia e, lá houve cousas fora dos hábitos, nada de mais, apenas
engraçada- Nair e eu morremos de rir. Trouxe umas conchinhas de lembrança. Na
volta ás 17hs,20’ passamos pela favela dos negros- muito calor. Um bom banho
frio- nova toilete e ás 19hs,30’tornamos a sair. Ainda com cefalalgia, tomei um
comprimido cibalena. Fomos á Cantina e um dos americanos (NIKE), me deu uma
linda medalhinha com a inscrição de “Jerusalem”. Pela primeira e única vês
tomei uma Coca-cola bem gelada e, gostei (só mesmo no deserto). Comemos cachorro quente e tomámos sorvete de framboise. Depois ao cinema
ver:-“Casa Blanca”. Só nós de mulheres- é um furor! Quando saímos ás 22hs,40’ passamos pelo Club dos Sargentos- só para ver- é proibido. Foi um sucesso para
eles: orchestras, bebidas e palestras. Todos queriam nos acompanhar e, tivemos
que sair uma a uma, disfarçadamente para que não percebessem. Ás 23hs,10’, tomamos o jeep e chegamos em casa á meia noite, mais ou menos. Arrumar tudo e
tratar de dormir um pouquinho.
Página 10 do diário manuscrito de Altamira
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de [28/08/1944 com excertos desde o dia 04/08/1944 a 28/04/1945] e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. Além dos dois volumes manuscritos, Altamira datilografou o que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse livro datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o livro datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.
Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.
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