sábado, 1 de agosto de 2020

AJUDA DE CUSTO


Texto Datilografado elaborado pela própria Altamira 
visando publicá-lo como livro, em três partes:

I-ANTES DA GUERRA
II-DURANTE A GUERRA (a partir de seu diário manuscrito)
III-APÓS GUERRA


(PARTE I)


AJUDA DE CUSTO
     Foi um contínuo correr. Como é fácil de prever, nem todas podiam fazer face a tantas despesas extras e, cogitou-se de obter do Exército, uma ajuda de custo. Porém só em 29/6/44, foi que recebemos 1/3 dessa ajuda de custo, fornecida pela “D.S.E.”. Não sei mais quanto foi (creio que uns setecentos cruzeiros mais ou menos). Os restantes 2/3 estipulados, nos seriam entregues depois. Mas, isso, não impediu que déssemos andamento nas provisões, porque tendo sido aprovadas, as colegas, recorreram a um empréstimo familiar, para adiantar o expediente.
     Não vou aqui, mencionar tudo o que teríamos que levar, seria monótono e encheria folhas de papel, impacientando os leitores. Direi apenas que nos munimos de tudo que julgávamos necessário, dentro do regulamento. Nenhuma veste vaporosa, nem cor clara. Tudo verde-oliva e de aspecto masculino. Adeus lindos vestidos, pois agora só teríamos os uniformes. Éramos então soldadinhos!
     Depois, lá, nós vimos que havíamos levado tanta coisa desnecessária, porque tínhamos onde nos prover das mesmas. Tanta coisa de uso impraticável. Enchemos nossa bagagem desses volumes, enquanto que poderíamos ter levado outras peças mais dignas de serem vistas por nossas colegas nurses e que nos dariam mais conforto e prazer. Senti-me às vezes acanhada. A guerra é moderna, mudou em tudo por tudo das anteriores. Muitos sacrifícios foram eliminados. Tudo é preciso numa guerra, para nos manter de bem humor, desde que não fira os bons hábitos. As outras colegas estrangeiras viviam sempre tão felizes em meio de tanta infelicidade!
     Não estou aqui criticando com espírito destrutivo, mas sim construtivo. Foi uma lição que aprendemos e nos deixou excelente experiência. Nesse assunto éramos mesmo marinheiros de primeira viagem. Por essa razão me esforço por fornecer ao Exército num trabalho à parte, puramente técnico (para uso futuro), si mais uma vez tivermos que enfrentar outra guerra, o que não desejo, dizendo o que fizemos, o que deveríamos ter feito e o que não deveríamos ter feito. Ne nada vale a experiência se não a transmitimos.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 


O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de [28/08/1944 com excertos desde o dia 04/08/1944 a 28/04/1945] e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou o que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse livro datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o livro datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.



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