sábado, 15 de agosto de 2020

15 DE AGOSTO DE 1944


DIÁRIO MANUSCRITO

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15-8-44 _ 3ª feira – Ascenção de N. Senhora _ Se soubesse teria ficado em casa descansando um pouco _ Descemos cêdo para o café já prontas (Eu, O. N. e S.) – apresentação a Chief Nurse Capitã? Julbright. A.N.C. e descemos num caminhão com dois brasileiros (as outras vestiam os uniformes e por isso perderam a manhã visitando todo o

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hospital (foi um blêf) _ A sorte sempre nos protege _ Tomamos uma horrorosa laranjada a 30 lrs. cada 1 como devia á Sylvia 2$800. do arabe em Casa blanca, fiquei quits com ela). Olga e Nair ficaram para comprar bilhete para assistir a “Tósca” no celebre Teatro S. Carlos ás 14hs,30. Fiquei com Sylvia – andamos ao léo _ comercio fechado e pobre. Entramos numa igreja _ tudo misturado e sem ordem (trata-se ahi de negocios, com a maior calma). Não pudemos comprar nada de lembrança, nem na Red Cross = Cruz Vermelha. Encontramos 1 americano (filho de Italiano), parecido com o Helio, que nos levou para um café, mas não tinha _ tomamos foi sorvete de cacaú; fez tudo para passear comigo, mas dei o contra_ disse-lhe que estava doente e ele quiz ser meu médico _ foi um custo para me livrar. Ás 11hs,25 estamos junto ao Hotel Volturno _ ponto marcado para esperar as 2 colegas, mas passou o tempo e, nada. Nisto veio um rapaz do Banco do Brasil Eduardo Dreux optima pessôa que nos levou ao mess dos Officiaes na Via Dias (paralela a via Roma). Foi bom porque já haviamos perdido a condução para o almoço no Hospital _ Gostei muito _ almoçamos bem. Penso que ele só pagou 30 lrs. para cada um. Depois nos levou ao ponto do caminhão do Cartes Hospital e nos deixou. Sylvia revolveu vir comigo na ultima hora pois disséra-me q. ia ficar. Deitei-me um pouco. Ás 16hs,00 Silvia voltou a Roma. Olga e Nair almoçaram, tomaram

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banho e voltaram para a opera e ficaram deslumbradas. Senti não ir mas estava muito indisposta. Ás 17hs,30 desci para jantar. Á noite ajeitei bagagens – muita inquietação (parecia alarme!) _ Napoles muito destruida, principalmente no trecho do porto _ Ha constante barragem de Zepelins suspensos por cabos permanentes.


 TRECHO DATILOGRAFADO POR ALTAMIRA PÓS GUERRA

15-8-44-3ª.-feira-Nápoles:-Descemos cedo já prontas para sair (Olga, Nair, Sílvia e eu), após a apresentação á Chief Nurse Capitã Julbright, (A.N.C.) e, tomamos o caminhão com dois brasileiros, com destino á cidade. As outras colegas, como vestiram o uniforme interno, ficaram e perderam a manhã toda, percorrendo o hospital, com a chief (foi um bleuf). A sorte sempre nos protege. Na cidade engolimos uma laranjada horrorosa! Agora também chegou a nossa vês de sofrer. Si lembrasse que hoje é dia da Assenção de N. senhora, teria ficado em casa descansando.-Tudo fechado- comercio etc. Olga e Nair foram ao célebre teatro S. Carlos, assistir a opera “Tosca”. Sílvia e eu, andamos ao léo- entramos numa igreja; tudo misturado e sem ordem (trata-se ali de negócios, com a maior calma). Encontramos um americano (filho de italiano), parecido com Hélio (meu esposo), que nos levou para um Café, mas não tinha nada- tomamos foi sorvete de cacau. Fez tudo para passear comigo, mas disse-lhe que estava doente e então ele quis ser meu médico- foi um custo para me livrar. Na hora marcada para a volta, nós duas esperávamos as outras, junto ao Volturno, mas o tempo passou e nada de aparecerem- perdemos a condução. Nisto, veio ao nosso, um oficial brasileiro do Banco do Brasil, Eduardo Dreux, (excelente pessoa), que nos ofereceu almoço no Officers Mess, na Via Dias e depois nos deixou no ponto do caminhão: Center Hospital. Senti não ir á opera, mas estava muito indisposta. Á noite houve muita inquietação (parecia alarme de bombardeio!) O céu estava rubro. Nápoles, muito destruída, principalmente no trecho do porto- Ha constante barragem de zepelins, suspensos por cabos permanentes.


Página 23 do Diário Manuscrito de Altamira (Volume 1)


INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 

O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de [28/08/1944 com excertos desde o dia 04/08/1944 a 28/04/1945] e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou o que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse livro datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o livro datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.


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