sábado, 22 de agosto de 2020

22 DE AGOSTO DE 1944

Roteiro de carro de Civitavecchia (Roma) a Ardenza (Livorno)

DIÁRIO MANUSCRITO 

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22-8-44 – Levantamos cêdo 6h5 café- bagagens _ Nair e Sylvia partiram as 9,30 +- em ambulância levando doentes nossos com sargto enfermeiros afim de tomar avião para Napoles _ E nós só ás 10,20 saimos wm gips, caminhão e ambulância _ 1 pequeno comboio- antes tiramos

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* Arrumei  a bagagem e agóra 21hs,00, estou escrevendo _muito tarde  * consegui dormir*

muitos retratos isto é, o Cel Lawrence  e outros saí ao lado dele e da Chief_ depois ele tirou do comboio qdo deixava as portas do 105th 2 gips – 1 caminhão e 4 ambulancias  Hosp. (sinto q. as minhas anotações aqui não estão coordenadas_ creio que perdi dados (pois estas são transcritas). Vou procurar acertar depois _ Bela viagem e lindas estradas marginadas de flores, ciprestes _ cameleiras _ oliveiras e vinhedos. Paramos num desvio para suprir de gasolina os carros. Depois paramos noutro recanto para o lunch _ Major Dr. Ernestino distribui as rações e sandwiches de galinha _ Roubamos toda uva q. podíamos e enchemos os gips _Tudo correu bem e chegamos ao  Passamos por Livorno e no extremo Ordenza estava o nosso novo ninho 64th Gen. Hospital _ chegamos na hora do almoço jantar – sujas _ nada de agua _ grandes pavilhões contornam 1 grde parque _ construção por terminar _ (etc _ iluminar _ agua etc. Era a futura escola de paraquedistas,

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22-8-44 – 3ª feira  * Ás 6hs,10 – o galo cantou – levantei-me e me preparei logo e fechei as bagagens e tomei meu breakfast _ 2 ovos eggs e torrada com café – agua water – Dei 2 cigarros para o garçon e consegui meu cantil cheio de café para a viagem – Eu, Olga ficamos muito tristes porque Nair teve que partir com Sylvia, para Napoles levando uns doentes e feridos (de minas), que serão evacuados ás 9hs,00. Só as 10,15 foi que nosso comboio partiu. O Cel Lawrence tirou 1 film: compunha-se de 2 caminhões pequenos: o 1º o Tte. Eduardo dirigia ao lado (na frente) do Mjor. Dr. Ernestino; eu, Olga Virginia, Antonieta e Carminha Bebiano: embornaes e lunch. Graças á Deus sosseguei! Noutro caminhão pequeno: o chaufer, o Major medico Dr. Ary (gripado), atraz, Lucia, Bertha e  M.C.C. Castro = (Carmita) com respectivos embornaes;_ 1 caminhão grande  com toda a bagagem _ 4 ambulancias com sargentos enfermeiros e doentes

*  recuperados. A viagem magnifica _ estradas asfaltadas margeada de arvores cameleiras. Uma beleza – regiões cada vez mais férteis, muita abóbora _ Vinhas – Belos montes de feno – Tapa – ventos _ movimento enorme de tropas e comboios pela estrada _ Ás 12hs, +- passamos por Grosseto: cidadezinha bonita, que sofreu em parte os rigores da guerra ) Depois Cecina + bonita e também destruída, em parte  - vê-se o belo mediterrâneo azul _ Depois Vada + bonita ainda, onde está a nossa Intendencia Brasileira, também sacrificada em toda a Via.

*(_ as pontes, estradas de ferro e tuneis destruídos (Veja anotações no livreto á parte de vermelho) Chegamos em Livorno as 16hs,15 e lógo após ao 64th, Gen. Hosp. – muito grandes- Todas imundas e com tristeza – agua só em baixo, aos pingos; eu daquele geito! ficamos num só salão – Lavamos a cara e fomos jantar – a sêde de matar: felizmente a alimentação melhor _ cada 1 poderá se servir 2s do cigarro que quiser e, eu comecei a minha coleção, o meu stock, apezar de não fumar – chegou a bagagem logo após – os rapazes exaustos e 5 cobertores pª cada uma. e nada mais de cobertores! Black-out completo as 21hs pois estamos a 12 km da linha de frente também não há luz elétrica,  nem velas, nem vasilhame para nos lavarmos.  

 

TRECHO DATILOGRAFADO POR ALTAMIRA PÓS GUERRA

22-8-44 – 3ª feira – Adeus 105th: - As 6,10’ o galo cantou- Tudo pronto. Fiz ótimo breakfast: 2 eggs=ovos e tost bread=torradas, with coffe = com café – water=água. Dei 2 cigarros ao garçon e conseguí encher meu cantil com café: Eu e Olga ficamos muito tristes porque Nair e Sílvia partiram as 9hs,30’ em ambulância, levando doentes nossos com o sargento enfermeiros (ferido de mina), afim tomar avião evacuados para Nápoles.

Nós, só as 10hs,15’, foi que partimos. O Cel Lawrence tirou um film do nosso comboio, quando deixamos as portas do 105th. Compunha-se de 2 caminhões pequenos: - 1º) do Tenente Eduardo que dirigia ao lado do major E.; eu, Olga, Virginia, Tony, Carminha, embornais e lunch, atrás. Graças a Deus sosseguei! Noutro o choufer do major Ary (gripado); atrás: Lucia, Bertha e Carmita, com os respectivos embornais. Um caminhão grande com toda a bagagem. Quatro ambulâncias com sargentos enfermeiros e doentes recuperáveis.

A viagem é magnifica – estradas asfaltadas, marginadas de flores, oliveiras, ciprestes, caneleiras e vinhedos. Via Aurelia, com turmas – AASS. (Cantoneira). Uma beleza: regiões cada vez mais férteis; muitas aboboras, vinhas. Belos montes de feno – Papa-ventos. Movimento enorme de tropas em comboios pela estrada. Paramos num recanto para o lunch: O major Ernestino distribuiu as rações e sandwiches de galinha. Roubamos toda uva que pudemos e enchemos os jeeps. Tudo correu bem.

Ás 12hs,50’ passamos por GROSSETO: cidadezinha bonita, que sofreu em parte os rigores da guerra. Depois CECINA: mais bonita, também destruída em parte. Às 14hs,30’, PIOMBINO: vê-se o belo Mediterrâneo azul. Passam caminhões gigantes com 24 rodas. Paramos às 14,45’, num desvio, para suprir os carros de gasolina. Às 15hs,30’, passamos por “VADA” mais bonita ainda, apesar de sacrificada em toda a via; pontes, estradas de ferro e tuneis destruídos. Ali está a intendência Brasileira e também o Quartel General Brasileiro. Chegamos em LIVORNO às 16hs,15’ e logo após no outro extremo deste grande porto, nas terras de ARDENZA, o nosso novo ninho-:

-64 th GENERAL HOSPITAL-

Grande construção por terminar: faltam janela, portas, telas, iluminação, água etc., destinada à futura Escola de Paraquedistas da Italia. Enormes pavilhões contornam num grande parque. Justamente hora de jantar- Todas imundas e com tristeza, agua, só em baixo, aos pingos.Lembro-me bem que de uma só cuba, todas beberam um pouco. A sede de matar. Ficamos num só salão. Lavamos a cara e fomos para o refeitório, lá no fim do parque. Felizmente a alimentação melhor. Cada um poderá se servir do cigarro que quiser e, eu comecei a minha coleção (o meu stock), apesar de não fumar.

Chegou a bagagem logo após- os rapazes exaustos. Com sacrifícios carregamos tudo para cima. Cada uma recebeu 5 cobertoresBlankets, cheios de naftalina cristalizada e nada mais.

Black-aut completo às 21hs,00, pois estamos à 12 km mais ou menos da linha de frente. Também não há luz elétrica, nem velas e nem vasilhame para nos lavar ....................



Página 43 do diário manuscrito de Altamira


Página 44 do diário manuscrito de Altamira


INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 

O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de [28/08/1944 com excertos desde o dia 04/08/1944 a 28/04/1945] e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou o que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse livro datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o livro datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.

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