sexta-feira, 7 de agosto de 2020

7 DE AGOSTO DE 1944



DIÁRIO MANUSCRITO
PÁGINA 05
7-8-44 Estamos com “May–West” é um espêto! A travessia pelo Atlantico é muito fria por causa da altura e cuidado. Em Assenção é muito quente – Ilha isolada, sem 1 vegetação, porém bem organisada. Só tem americanos; nenhuma mulher. Graças á Deus estou melhor do enjôo e mais animada. As 20hs,30 descemos em Accra – base aerea, com todo o cuidado; tudo no escuro e após sinaes convencionaes. Fomos bem recebidas e apesar de ser noite tivemos uma otima impressão – Cidade original, interessantes africanos. O major Leslie Cottrell nos recebeu bem. Tomamos uma refeição e depois fomos com toda a bagagem para a organisação da Red Cross = Cruz Vermelha, em 2 optimos autos. Perfeita organisação. Ao chegar no aeroporto tomamos lógo uma dóse da vacina “Tsê- Tsê”.. _lagne ½ c-Peste Praga. Comi um sandwiche. Tomamos um otimo banho (duchas) - mexemos em toda a bagagem. Camas ótimas - Aqui tudo é telado! Dormi bem.


TRECHO DO DIÁRIO TRANSCRITO PÓS GUERRA POR ALTAMIRA

-OCEANO ATLANTICO-
“ILHA DE ASSENÇÃO”
7-8-44- 2ª. feira:- Ás 7hs,20’, chegamos na primeira base aérea, depois que deixamos Parnamirim. Acertamos nossos relógios novamente mais 2 horas de diferença. Pagamos o ticket e almoçamos num barracão. Infelizmente tornei a me enjoar – vae ser um martírio!!!
     ASSENÇÃO é tão isolada, parece que perdida noutro mundo, abandonado, desconhecido. Creio até impossível de ser habitada- só mesmo nesta guerra. Os americanos vencem todos os obstáculos milagrosamente. A região é muito quente- a terra cinzenta escuro; sem uma vegetação, nenhuma erva daninha ao menos, nenhuma palmeira, nenhum pássaro, nenhuma casa, nenhuma mulher! Só barracões, só militares, só aviões, só rações! Parece esquecida por Deus. Mas, como tudo na vida é possível, tudo tem o seu dia e Deus sabe o que faz, os americanos vivem nela e o que é admirável, com disposição e bom humor. Está bem organizada. Francamente este povo é um herói.
     Prosseguimos ás 12hs,10’. Tomam-se as múltiplas precauções para decolar, aterrissar. Não escapamos de modo algum ás flitagêns de “Insect-sid”, dentro dos aviões, fechados, antes de subir e descer; pobre de mim.
A travessia pelo atlântico é muito fria, porque é preciso voar muito alto, longe do alcance do inimigo. No interior do aeroplano há uma taboleta com os seguintes dizeres:
                            NO SMOKING
                            NO MATCHS
                            NO FLAME
                        OF   ANY TYPE
                            PERMITED
                     ABOARD AIRCRAFT.
     Tradução:- Não é permitido fumar, riscar fósforo, produzir chama de qualquer espécie, abordo.
Continuamos com salva-vida- é muito incomodo. Estou melhor e mais animada.

-AFRICA- ACCRA-

     Ás, 20hs,30’ do mesmo dia descemos com todo o cuidado em Accra, base aérea; tudo no escuro e, após sinaes convencionaes. Fomos bem acolhidas pelo comandante: o sr. Major Leslie Cottrell. Ao chegar no aeroporto, cansadas, cheias de roupa, nos aplicaram a dose de vacina PLAGUE-I/2cc. (Peste-Praga), que foi anotado na ficha. Ali mesmo tomamos uma refeição e depois fomos, com toda a bagagem (all baggages), para a organização da RED-CROSS(Cruz Vermelha), em dois ótimos autos. \pesar de ser noite, tivemos uma excelente impressão. Perfeita organização. Cidade original com seus interessantes africanos. Aqui tudo é telado- janelas e portas. No salão dormitório confortáveis camas, protegidas pelo Bar, Insect Field (mosqueteiros). Tomamos um reconfortante banho de duchas, cada uma em cabine separada. Mexemos em toda bagagem- Caímos nas camas .................
INFORMAÇÕES ADICIONAIS: 

O manuscrito original do autointitulado “Diário de Guerra” - nome que a própria autora (Altamira) dá ao seu diário, encontra-se sob a guarda permanente do “Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. da FEB Altamira Pereira Valadares” e possui dois volumes de encadernação simples. O primeiro compreende o período de [28/08/1944 com excertos desde o dia 04/08/1944 a 28/04/1945] e o segundo volume, de 29/04/1945 a 22/08/1945. Além dos dois volumes manuscritos,  Altamira datilografou o que ela chamou de livro com a sugestão do título ”Febianas”, numa releitura pessoal entre os anos de 1961 a 1970. Foi nesse livro datilografado que a autora inseriu fotos, cartas, desenhos, etc. já com desejo de publicação de seus relatos. Vale ressaltar que entre os diários manuscritos e o livro datilografado há supressão ou acréscimo de impressões e relatos.

Nota do Centro de Documentação: O texto datilografado por Altamira foi transcrito com a atualização da ortografia, mantendo a integridade das palavras e pontuações, mesmo quando aparentemente foram utilizadas de forma equivocada pela autora.

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