DIÁRIO MANUSCRITO
PÁGINA
26
17-8-44
– 5ª feira – Roma Afinal dormimos e ás
7hs levantei-me – Breakfast ás 7,30 e lógo tomamos condução (providenciada por
Paul) e seguimos a viagem – Via Ostiense – sempre otimas estradas que o Duce se
primou (Roma e Italia mesmo goza da maior fama sobre estradas). Ás 11hs,00 +-
chegamos no serviço Brasileiro e descemos 1 pouco – Entreguei a correspondencia,
par de chinelos de 1 Maj. ao Responsavel do Correio – Capitão Raymundo – Fomos
apresentadas ao
PÁGINA
27
Comandante
e depois, continuamos. Chegamos lógo após 1 hora +- em Civita-Vecchia - Após apresentações ligeiras, lavamos as mãos
e rosto fomos lógo para o almoço – Era sempre assim _ chegamos sempre sujas
cansadas, sempre em cima das horas de refeições e nunca se tinha socego para
cuidar do q. era nosso nem de nós mesmo _ Toda a hora reunião pª isto ou
aquilo. – As 13hs,00 apresentação oficial ao maioral medico americano Cel Dr. G. P. Lawrence (bela figura e fórte)
– 13,30 de 18-8-44 para escala - a chief nurse Capitã D. Parsons, A.N.C. –
Tomou nóta de tudo e deixou a escala para a sua assistente Tte Jane Tochman nos
dar depois. Foi Sylvia quem se entendeu no Inglês Ás 14hs +- apresentação ao
nosso supremo comando de Saude Cel Marques Porto (de cabelos quasi brancos –
uniforme feio – oculos escuros e porte elegante sempre) Qdo chegou a minha vez ele disse q. já me
conhecia. Fez algumas perguntas sobre a viagem e sobre situação e .
sobre Brasil – Entreguei-lhe 3 cartas (1 pª ele e 2 para um outro oficial Sinval).
Ficámos todas no primeiro salão junto á sala de entrada. Todos os outros salões
repletos de Nurses até os fundos (privadas, pias etc).-Eu- Olg. e N do lado
esquerdo – e as outras do outro _ Até q. enfim encontramos as 3 primeiras enfra.
nossas (Carmem Bebiano _ Antonieta Ferreira que saiu correndo da enfria pois
estava doente, para nos ver e matar as saudades estava nervosa e chorou).
Virginia Portocarrero só a noite foi q. chegou. Havia ido à Roma c/ Major Dr.
Ernestino Oliveira. Ela está bem _ foi operada de apencicite, em Napoles e
muito feliz sucesso.
PÁGINA
28
Aqui
é o 105 Hosp. _ Ás 16hs,00 banho (lá longe) “Nurses Only” _ chuveiros cabines
pequenas _ pouca agua _ tudo sem portas internas! Já perdemos o receio de
estarmos á vontade – salve-se quem puder! Chuveiros altos não alcanço preciso
de 1 caixote_ As 17hs,30 jantar sempre o mesmo sistema americano e os mesmos
pratos (me salvo com a Italia). Os americanos servem café em enormes chicaras,
cubas ou tijelas é 1 fartura de ralo! Escrevi á mana Aurea. 21hs,00 dormir.
Aqui parece bom _ Construções formando 1 pateo amplo onde se ergue o mastro da
bandeira americana no centro e todos os dias dá-se as cerimonias = astear e
arreiar. Diz-se que é perigoso andar fora dos caminhos indicados devido as
constantes explosões de minas deixadas pelos alemães (são mesmo uns bandidos –
vão embora _ arrasam tudo – levam tudo e deixam atraz de si belos presentes de
gregos!) Um dos nossos brasileiros morreu qdo ia para a praia e um outro está
na enfermaria onde foi operado de perfurações diversas pelos estilhaços.
TRECHO DATILOGRAFADO POR ALTAMIRA PÓS GUERRA
17-8-44–5ªfeira
– Roma: Ás 7hs,30, após o café tomamos condução (ainda providenciada pelo
distinto oficial Paul(sinto não saber o nome todo) e seguimos a viagem – Via
Ostiense – sempre ótimas estradas que o Ducce se esmerou (Itália,
graças à ele goza da maior fama sobre estradas).
Aproximadamente às 11hs,00 chegamos no Serviço
Brasileiro e descemos um pouco. Entreguei a correspondência e um par de
chinelos de um major, ao responsável do Correio, Sr. Capitão Raymundo. Fomos apresentadas
ao comandante e depois, continuamos. Ao meio-dia finalmente chegamos ao nosso
destino: CEVITA-VECCHIA – (perto de Tarquínia) - Após ligeiras apresentações,
lavamos as mãos e rosto, fomos logo para o almoço. Era sempre assim: chegamos
sempre sujas, cansadas, em cima das horas de refeições e nunca se tinha sossego
para cuidar do que era nosso, nem de nós mesmas. Toda a hora reunião para isto
ou aquilo. Ás 13hs,00 apresentação ao comandante médico norte-americano (bela
figura) Dr. G. P. LAUWRENCE, Chefe do 105th Station Hospital e ás 14hs
ao nosso Comandante do Serviço de Saúde da “F.E.B” Cel. Médico:- Dr. EMMANUEL
MARQUES PORTO (cabelos grisalhos, uniforme alinhado mas feio), óculos escuros,
porem elegante, delicado, diplomata e psicólogo- Cumprimentou a todas- Quando chegou
a minha vês, ele disse que já me conhecia do Curso de 42. Entreguei-lhe 3
cartas (1 para ele e 2 para um outro oficial Sr. Sinval). Fez algumas perguntas
sobre a viagem, situação e sobre o Brasil. Durante o transito percebi que alguma
das colegas trazia uma ordem oficial do Gal. Do S.S.,no Rio, designando uma
colega para chefe. Ele disse que os problemas de além-mar eram bem diversos e o
nosso Q.G. não estava ao par, por dificuldades de comunicações urgentes, para
um melhor entendimento de modos que ele lamentava muito ás vezes não poder
efetuar certas ordens. Seria chefe aquela que se distinguisse no trabalho,
conforme o parecer dos norte-americanos. mas contudo obedeceu deixando como
intermediaria, visto falar bem inglês, etc. Carmem Bebiano.
Ficamos acomodadas todas, no primeiro salão, junto á
sala de entrada. Até que enfim encontramos as 3 primeiras enfermeiras nossas: Carmem,
Tony (Ma. Antonieta), que saiu correndo da enfermaria, (pois estava doente para
nos ver e matas as saudades; estava nervosa e chorou de comoção. Virginia, só á
noite foi que chegou; havia ido á Roma.
No dia seguinte, 18-8-44, ás 13hs,30, fomos
apresentadas á chief Nurse: Capitã- DOROTHY PARSONS,-A.N.C.– Tomou nota de tudo
e deixou a escala para a sua assistente Tte Jane Tochman, nos dar
depois. Sílvia foi quem se entendeu no inglês!(* Acrescentar aqui o
seguinte comentário á parte.)
Aqui é o 105th
Station Hospital- onde irei trabalhar pela 1ª vês. Tem escala para banho: dia e
hora- ás 16hs,00 Shower(chuveiro), lá longe,-“Nurses Only”- cabinas individuais
pequeníssimas- tudo sem portas internas- pouca agua! Já perdemos o receio de
estarmos á vontade – salve-se quem puder! Chuveiro alto, não alcanço, preciso
de um caixote. Ás 17,00 DINER(jantar): sempre o mesmo sistema americano e os
mesmos pratos (me salvo com a Itália). Os americanos servem café, COFFEE,
em enormes Xicaras (cubas ou tigelas); é uma fartura de ralo! e toma-se durante
toda a refeição.- Parece ser bom o local- Construção formando um pátio onde se ergue
no centro o mastro da bandeira FLAG americana e, todos os dias, dá-se a cerimônia
de: hastear e arrear, da qual os brasileiros participam, porém a nossa
continência é diferente.
Diz-se que é perigoso andar fora dos caminhos
indicados, devido as constantes explosões de minas deixadas pelos alemães (são
mesmo uns bandidos). Vão recuando mas, arrasando tudo, levando tudo e ainda deixam
atrás de si, belos presentes de gregos!. Um dos nossos brasileiros morreu, quando
ia para a praia (pisou numa mina) e o outro também atingido, está na enfermaria,
após operação de perfurações diversas por estilhaços.
É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem a prévia autorização do Centro de Documentação da II Guerra Mundial Cap. Enf. Ref da FEB Altamira Pereira Valadares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário