Página 49 do diário manuscrito de Altamira
30-8-44- 4ª feira – 38th (s. Luce) 1 hora da madrugada _ começou o combate e pela 1ª vez chove e Tenho vontade de beber agua do céo da chuva, pois penso que não tem chloro, mas passou lógo _ aborrecida porque o sargento enf. Bahia quis ter intimidade comigo (horror!). Tratei de dar uma volta e mandei que ele fosse deitar e quando voltei abafada deixou-o dormir até ás 6hs,30. Deixei o serviço ás 7hs,00 – fiz meu B e tentei dormir mas não consegui pois as colegas fizeram
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todo o barulho dentro da
tenda, sem a menor consideração. Chegou a hora do almoço 12hs, fui _ Depois
marquei roupa (peças uniformes) – assinei (listas e papel de neutralidade. O
calôr é de amargar. Sinto mal estar e vontade de gemer. Não tenho agua fresca e
nem o banho das 2ªs 4ª e 6ªs feiras – É uma tristeza! Fui ao P.X. da Chief e
comprei maquillage por 288 lrs. As 17hs,30 chegaram + 5 colegas: Helena Ramos,
Mª José, Neusa Ignacia e Elza. Foi armada a tenda para elas. Helena me deu
notícias de Nenê e de Papae (ele mal mediante telegrama antes do dia 9 p.
passado) e falou sobre o pagamento lá – bem O.R. Maria José trouxe 300 mil reis
para cada 1 de nós 7. As 18hs fui jantar e ás 19hs, entrei em serviço – Entrou
+ 1 doente=paciente: Lira Nilo = gripe constante. Tudo calmo – Radio tocando na
Ward ao lado. Depois veio Major e Faria sgto. – chegou num belo porri, fumando
charuto e contando léro _ dizendo que não vae dormir porq. tem chegado muito
brasileiros doentes _ Foi divertido _ Virginia fez tudo para leva-lo para a tenda
e eu falei com o Bahia para ir atraz. 23hs,00 fui ao Mess _ comi 1 ovo frito,
pão café e voltei – Foi o B. depois. Sai do serviço ás 24hs. Dormi bem o resto
da noite.
TRECHO DATILOGRAFADO POR ALTAMIRA PÓS GUERRA
12º. GRUPO
30-8-44- 4ªfeira- S.L.:-Parte do Rio de
Janeiro a colega:-
SYLVIA PEREIRA MARQUES.
A 1 hora da madrugada começou o combate e
pela primeira vez, chove. Tenho vontade de beber agua do céu, da chuva, pois
penso que são Pedro não mandou chloro, mas parou logo...
Estou
muito aborrecida com o sargento Bahia. O motivo só eu e ele sabemos e não sei
se anotei no meu Diário. Tratei de dar uma volta e deixei que ele dormisse até
amanhecer. Às 7hs,00 terminei o pernoite– Tentei dormir mas não consegui, pois
as colegas fizeram tanto barulho dentro da tenda.
Assinei
listas e papel de neutralidade. O calor é de amargar. Sinto mal estar e
vontade de gemer. Não tenho água fresca nem o banho das 2as., 4as. e 6as. Feiras.
É uma tristeza! Fui ao P.X. da Chief-Nurse: Capt. Hallie E.Almond-A.M.C., e
comprei maquillage por 28 lrs. Aqui, nós temos que nos proteger contra as
intempéries a que estamos expostas e contra o chloro que nos cresta a pele,
queima o cabelo e, creio que atinge até os dentes.
As 17hs,30’ chegaram mais 5 colegas:-
Helena Ramos
Maria José Aguiar
Neusa de melo Gonçalves
Ignacia de Melo Braga (que estava
em Nápoles) e Elza Cansanção Medeiros
Foi armada a tenda para elas. Helena me deu
notícias de Papae (ele mal, mediante telegrama antes do dia 9 p. passado, para
a mana). Estou desconfiada que ela não me disse a verdade? Maria José trouxe
para cada uma de nós, 300 mil reis; foi bom porque estamos nos aguentando desde
a partida, sem vencimentos.
Às 19hs,00 entrei em serviço. Mais um
doente-pacient: Lira Nilo, Com sintomas de gripe constante (sic).
Tudo calmo. Radio tocando na ward ao lado. Depois apareceu o sargento Farias num
estado deplorável, bebeu demais: fumando charuto, contando léro, dizendo
que não vai dormir porque tem chegado muitos brasileiros doentes. Sei porém que
a causa disto é a falta de notícias e saudades da esposa, que está esperando
bebe. Virginia fez tudo para leva-lo e pedi ao sargento Bahia Renato Soares,
para ir atrás e ajuda-la. Foi divertido. Á meia-noite entreguei o serviço. Dormi
bem o resto da noite.
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